A designer Rafaela Delbon, que está à frente da marca de joias paulistana r.delbon, sempre foi muito ligada às artes em geral. Quando pequena fez muitos anos de dança, gostava de teatro e desde cedo foi muito ligada à música. Do interior de São Paulo, da cidade de Araraquara, sempre teve o desejo de ir além. Rafaela Delbon fez dois intercâmbios durante a escola e queria fazer faculdade em São Paulo.
Assim foi: trancou o primeiro ano, e na verdade conta que foi a melhor escolha, pois era muito nova e queria entender mais sobre o curso de design de produto. Nesse período, começou a desenhar em casa, e criou seus primeiros desenhos de joias. “Quando terminei, olhei para eles e pensei: ‘é isso que quero fazer na vida'”. No dia seguinte já estava procurando curso livre de desenho de joia, meses depois estava no Senac e durante os quatros anos na Universidade, só teve a liberdade de trabalhar com os metais na conclusão do seu curso.
Foi aí que percebeu que gostaria de aprender a desenvolver as peças com as mãos, e assim começou o curso de ourivesaria no Atelier Flávio Franco. Nunca mais parou. Hoje, sua marca de joalheria contemporânea r.delbon traz coleções que misturam arte e design, imperfeição e detalhe. O resultado são joias autênticas e completamente fora do inesperado. Confira a entrevista que fizemos com Rafaela:
ENTREVISTA RAFAELA DELBON
FTC: Qual foi primeira peça que você criou e o que ela hoje representa para você?
A primeira peça que criei foi o anel Imperfeito I da linha Imperfeito Vivo. Era minha primeira semana no curso de ourivesaria, cinco dias de muito trabalho e criação, na qual desenvolvi três peças que são as principais da minha marca até hoje. O desenho que fiz na criação do anel foi algo tão especial que me fez criar um bracelete e um colar com a mesma forma. Essas peças representam tudo o que a minha marca é, o conceito do imperfeito, o logo, as texturas, tudo reflete a r.delbon.
FTC: Há quanto tempo cria e quais materiais hoje mais utiliza?
Desenho há 6 anos e trabalho na bancada fazendo joias há 2 anos. Tenho meu atelier em casa onde consigo desenvolver a maior parte do meu trabalho, mas ainda faço o curso de ourivesaria no Atelier Flavio Franco para aprimorar técnicas e expandir o conhecimento joalheiro. Sempre me encantei pela prata, acredito que seja pela cor, por ser um metal frio, gosto de algo mais sombrio. Além disso, a prata é um metal mais acessível para se trabalhar, maleável e também aceita a aplicação da técnica da oxidação, na qual o metal adquire uma coloração única. Outros metais acabam sendo utilizados em menor escala, como por exemplo o ouro, presente principalmente em joias personalizadas, quando desenvolvo algo exclusivo para o cliente.
FTC: A gente já falou bastante aqui sobre o lowsumerism, sobre marcas veganas, slow fashion e a conscientização do consumidor. Onde sua marca se encaixa nisso?
A r.delbon segue dentro desse conceito de slow fashion, sendo slow jewellery. É uma marca totalmente feita à mão, desde as embalagens, joias, carimbos, tudo precisa ter esse contato e cuidado. Tento sempre explicar para o público o quão importante é esse processo, que de certa forma é mais demorado e delicado, mas ao mesmo tempo muito especial. Na minha marca, nenhuma peça vai ser totalmente igual a outra, não é uma indústria e é esse diferencial que precisa ser valorizado.
FTC: A criação das joias artesanais e personalizadas vieram pra ficar e você tem um estilo muito único. Como definiria a sua arte? Quais suas inspirações? O que quer passar ao público com suas peças?
Sem nenhuma dúvida, a melhor definição da minha arte é a imperfeição, é o diferencial da marca, e o que a torna tão única. Cada peça possui um detalhe dos diferentes processos que ela passou, um risco, uma marca de solda, um amassado, tudo faz com que a joia se torne mais especial. As inspirações para a criação das diferentes coleções até hoje são sempre momentos, sentimentos, anseios pessoais, acredito que seja porque a joalheria me salva. Coloco muito de mim na hora de desenvolver as peças, as vezes sem nem mesmo perceber, é algo muito natural.
FTC: Você criou uma collab bem legal com a DJ Heey Cat para criar uma coleção capsula de joias sem gênero que une a paixão pela música com o seu traço imperfeito. Como surgiu a ideia?
A ideia surgiu através da assessoria da marca, a Bossa Comunicação. Estávamos pensando em possíveis collabs com marcas ou influenciadores, e eles trouxeram a Dj Heey Cat como algo que poderia ser muito interessante uma vez que é uma mulher jovem, moderna, de personalidade forte e que carrega a bandeira LGBTQIA+. A Cat queria algo que a representasse e ao mesmo tempo que fossem peças sem gênero, para que todxs pudessem usar. Dessa forma, surgiu a Beat, nome dado à coleção cápsula e que é traduzido nos detalhes de todas as peças. O desenho traduz nas joias ritmo, batida, está relacionado com os batimentos cardíacos e o ritmo da música, que representam muito bem a personalidade da Dj e o imperfeito da marca. No total são três modelos: um anel, um bracelete e um escapulário, podendo ter acabamento em prata polida ou prata oxidada.
FTC: Tem planos para o futuro? Um projeto em andamento?
Sempre tem algum projeto em andamento, uma vez que a criatividade transcende o trabalho na joalheria autoral. Sobre o futuro, possuo mais desejos e propósitos do que planos, já que vivemos em um período tão delicado e sensível. Acredito que seja pretensioso demais fazer planos em um cenário tão incerto. Tomando o contexto da marca como ponto de vista, a intenção é continuar crescendo no mercado, enfrentando os desafios de uma marca que preza pelo artesanal e pela joalheria autoral. Além disso, uma ideia para o futuro é tornar a marca internacional.
Saiba mais e adquira as peças de r.delbon em seu site. Acompanhe a designer pelo seu Facebook e Instagram.