Julie Liger-Belair
Art Attack

Julie Liger-Belair: entre casas, sonhos e colagens surreais

Quando mergulhamos nas obras de Julie Liger-Belair, somos convidados a percorrer territórios interiores — casas sem portas, rostos vintage entrelaçados a jardins, mundos onde o familiar se funde com o onírico. A artista contemporânea canadense conquistou o nosso olhar com suas colagens e pinturas que transitam entre o íntimo, o simbólico e o poético.

Conheça seu trabalho!

Quem é Julie Liger-Belair

Julie Liger-Belair é artista visual de Toronto, no Canadá. Por cerca de 20 anos ela vem desenvolvendo trabalhos com colagem, que misturam assemblage (técnica francesa de colagem que consiste na junção de objetos tridimensionais para criar uma nova obra), papel japonês, pintura acrílica, além do gouache e lápis de cor. Em sua formação, ela engloba estudos em printmaking, ilustração e metalurgia (metal-smithing).

Desde o início de sua carreira, Julie coleciona fotografias antigas (cabinet cards / imagens vitorianas) que inspiram seus trabalhos. Além de produzir colagens bidimensionais, também tem explorado peças de escala maior sobre suportes em madeira (cradle boards) ou painéis reciclados.

Temas principais e estética

Casas & moradas simbólicas

Um dos temas recorrentes em seu trabalho é a casa — não simplesmente como edifício, mas como símbolo de interioridade, refúgio, privacidade e, paradoxalmente, confinamento. Em sua série “In the rooms of my mind”, por exemplo, Julie desenha casas sem portas, apenas com janelas — uma metáfora para o olhar e os limites entre o mundo interno e externo.

A artista afirma que a simples figura da casa (o triângulo sobre um quadrado, desenho aprendido na infância) estimula sua imaginação e carrega significados poderosos — como proteger, abrigar, esconder.

Colagem, fotografia antiga e o diálogo entre passado e presente

Muitas de suas obras reutilizam fotografias antigas (vitorianas ou do século XIX) como ponto de partida, reconstruindo rostos ou paisagens com recortes, padrões decorativos, elementos botânicos e desenhos.

Esse “diálogo entre novas ideias e imagens antigas” é algo que Julie valoriza — ela gosta de pintá-las, permitindo que camadas anteriores “conversem” com o novo tema.

Onírico, surreal e introspecção

As composições frequentemente fundem elementos humanos, geométricos e naturais — corpos emergindo de casas, plantas crescendo de membros, rostos fragmentados ou parcialmente ocultos.

Para ela, há uma constante tensão entre o visível e o oculto, entre o real e o imaginário. Foi justamente durante a pandemia que ela revisitou a ideia do “interior” — não apenas como lugar, mas como estado psíquico.

Julie participou de muitas exposições individuais e coletivas no Canadá, EUA e Europa. Seu trabalho foi incluído em diversos livros de arte, artigos de revistas e publicações literárias, além de ter sido usado em capas de livros e encomendado para pôsteres.

Ela cria em seu estúdio na garagem, onde às vezes deixa seu marido, seus três filhos e a cachorrinha preta, Frida, a visitarem.

Entre papeis e objetos encontrados, Julie Liger-Belair mergulha em histórias pessoais e nas conexões emocionais que nos unem à natureza, ao lugar e a um senso de pertencimento.

Para saber mais sobre Julie Liger-Belair, acesse seu site e acompanhe a artista no Instagram.