A artista visual Karen Dolorez já apareceu por aqui com seu fantástico trabalho em crochê nos muros. Depois, com fotografias lambe-lambe e intervenções com o mesmo material, que mostravam um ensaio com corpos reais e mulheres incríveis nas ruas.
De lá para cá, muita coisa mudou. Karen criou outros incríveis projetos e murais como expressão artística pessoal. Seu maior instrumento? Novelos, linhas, agulhas e muito talento.
Suas obras sempre envolvem questionamentos relacionados a ocupação de espaços públicos, sociedade, a arte de guerrilha, feminismo e amor. Em meio à sua pesquisa, Karen resgata a mulher tecelã na história e na mitologia, especialmente como forma de denúncia.
A figura feminina e todo o seu poder tem grande importância e influência para ela, refletindo completamente em seus trabalhos – ativistas.
“É uma relação interna onde o papel da mulher na arte contemporânea dialoga com a mulher da história, ambas utilizando o ato de tecer como forma de expressão e militância.”
Quem é Karen Dolorez
Formada em design editorial, Karen Dolorez conta que trabalhou na área por aproximadamente nove anos. Até entrar em uma crise profissional e começar a questionar todo o seu modo de vida. “Onde gostaria de trabalhar e o que gostaria de fazer” eram algumas de suas perguntas frequentes.
Foi quando voltou a fazer crochê, pois já havia aprendido com a mãe na infância. Aos poucos foi encontrando um caminho e nas linhas e agulhas, uma forma de se expressar também. A sua primeira obra já foi na rua.
“Comecei com pequenas intervenções e fui evoluindo com algumas parcerias, mesclando graffiti e crochê, até ideias completamente autorais. Hoje em dia, a maioria das criações são relacionadas a ocupação de espaços públicos, arte de guerrilha e feminino.”
Ela completa: “Eu acho que usar o crochê de forma ‘agressiva’ com o street art é questionar os padrões da sociedade também. Quebrar conceitos e rótulos, como o crochê é só de vovó e só serve pra fazer roupas ou tapetes”.
Desde então, seu foco principal consiste na produção de grandes murais em crochê.
As inspirações de Dolorez
Temas relacionados ao universo feminino sempre fizeram parte dela e é muito importante poder colocar isso pra fora. “Gosto de poder expressar minhas angústias e de alguma maneira perceber que o trabalho toca outras pessoas também e até conscientiza.”
Ela acredita que coloca seus sentimentos na arte e a rua é uma maneira de “liberar” o que sente. “Eu trabalho dentro da minha casa e quando coloco os murais nas ruas é como se eu os liberasse, colocasse pra fora aqueles sentimentos e os deixassem ir”.
A luta contra o machismo também é um tema sempre presente. “Todos os dias lidamos com assédio e somos ignoradas, caladas. A minha intenção de cunho ativista é, não só me expressar, mas também conscientizar, unir pessoas com as mesmas opiniões, encorajar mulheres a falarem mais sobre seus problemas e se ajudarem.”
Projetos
Além de “A rua é minha tela”, que consiste na produção de grandes murais em crochê, Karen também desenvolveu, em parceria com o fotógrafo Lucas Hirai, o “#asfloresdapele”.
A intervenção une fotografia e crochê e traz para as ruas um ensaio com mulheres incríveis. No formato de “lambe-lambe” com a aplicação de flores de crochê, essas imagens foram espalhadas por São Paulo.
“A rua é minha tela”
#asfloresdapele
“O nome do projeto é uma referência a expressão “à flor da pele”, que nesse caso, representa um sentimento latente, presente nas mulheres. Todas tem algo a manifestar. Nele, o próprio corpo foi utilizado como expressão, quando na maioria das vezes, é visto de forma sempre erotizada e não natural.”
O que vem agora? Dolorez de Mochila
Karen tem um novo projeto. Sua intenção agora é, com uma mochila nas costas, não só espalhar um pouquinho de suas cores pelo mundo, mas também conhecer e aprender as diversas culturas que existem. Há meses ela deixou um endereço fixo pra trás e tem se aventurado por aí.
Dentre instalações, rodas de conversa e oficinas, (e também intercalando com alguns trabalhos em São Paulo), a artista já passou por algumas cidades como Rio de Janeiro, Florianópolis e Belo Horizonte. Agora está na Ásia onde fica dois meses, imersa na cultura para pesquisa e também quem sabe deixar alguma de suas lindas obras (ou muitas!) por lá!
“Acho que o mais importante nesse projeto é a troca que temos, onde se passa, cada pessoa que conhecemos. É muito legal deixar um pouco de si e também levar um pouquinho de tudo que vejo. A experiência me enriquece demais”.
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