Arte orgânica, transformação, conexão, espiritualidade, o feminino, a energia, a natureza e os cosmos. Para Mari Kuroyama, tudo isso faz sentido e faz sentir na hora de criar desenhos e tatuagens exclusivas para os seus clientes.
Dona de um traço leve e inconfundível, a artista brasileira, que hoje mora em São Paulo e faz parte das Tattooistas, um coletivo feminino representado por profissionais apaixonadas pela arte em todas as suas formas, a arte de tatuar tem um contexto importante e específico.
As histórias das pessoas marcadas por ela são personalizadas e criadas como um rito de passagem contemporâneo, que vai muito além da estética. Conversamos com a artista para saber um pouco mais sobre seu trabalho e inspirações. Confira entrevista exclusiva:
“Desenho desde criança e quando a tatuagem chegou na minha vida, eu já pintava tecidos, paredes, telas e papéis por hobby. Estudava jornalismo, mas não me identificava. Na faculdade, fiz um trabalho em grupo que relacionava arte e espiritualidade e no sorteio de tópicos a tatuagem caiu no meu colo. Me encantei depois de pesquisar sobre a origem dessa arte milenar nos povos pelo mundo. Isso foi em 2005.
Os amigos curtiam o que eu desenhava e me pediam desenhos específicos para tatuagem. Um dia, eu fui acompanhar uma amiga para tatuar um desenho que eu tinha dado de presente e ela deixou que eu fizesse meu primeiro teste na sua pele. Na mesma tarde, eufórica, tatuei em mim mesma uma flor que depois virou um pássaro. A partir daí não teve mais volta, poucos meses depois disso eu me tornei aprendiz no mesmo lugar onde fui com ela, um estúdio tradicional de Fortaleza, o Freedom of Tattoo.”
FTC: Como você define a sua arte?
Como orgânica, sempre em transformação, algo que brota de um lugar muito íntimo do ser mas que também agrega elementos exteriores. Como uma conexão. Esse lugar, para mim, está contido em todos nós, como uma fonte infinita criadora e criativa.
Basta acessar que ele vai te transportar para a criatividade, seja para organizar um espaço, escrever um poema, desenhar, pintar, cantar, dançar etc.
FTC: Com o que você se inspira?
A natureza, com toda sua exuberância e diversidade viva, é a fonte de inspiração primeira. Tem muitos detalhes a respeito dela que o ser urbano não repara, provavelmente por viver cercado de concreto e achar que isso é o natural. Eu sou uma pessoa muito atenta a detalhes. E eu gosto de observar minuciosamente as cores e formas de um ambiente. Meu lugar favorito é o mato, estar sem luz elétrica, sem internet.
Entrar nesse ritmo natural, contemplativo, é inspirador. As pessoas, que são parte natureza, também me inspiram. Sejam artistas ou os próprios clientes que compartilham comigo suas ideias para que eu desenvolva a arte. Sentimentos de amor, alegria e empatia genuínos também são fontes de inspiração.
FTC: Qual foi sua primeira tatuagem em um cliente?
Que eu me lembre, agora… acho que a primeira tatuagem que eu fiz profissionalmente foram flores e um beija-flor no ombro de uma cliente de Londres que depois tornou-se minha amiga.
FTC: Está tocando algum projeto especial ou específico atualmente?
Atualmente estou me aprofundando em um projeto pessoal de desenvolvimento de aquarelas e mixed mídias alinhados ao estudo a respeito da mulher e do feminino – que para mim não é apenas a energia da mulher em si, mas sim a força da vida inerente a todos os seres vivos nesta Terra, os elementos, as formas inusitadas de vida e também a manutenção e o cuidado com essas vidas; os ciclos, tanto terrestres quanto lunares e cosmológicos; afinal, somos um ponto azul girando no tempo e no espaço galácticos… E tudo está interligado, desde o sol até a ponta do pincel.
Também planejo lançar um site a fim facilitar a compreensão das pessoas a respeito do que faço, como faço e o melhor jeito para agendar uma tattoo, que hoje é somente através do email [email protected].
FTC: Uma frase que você tatuaria/tem significado muito forte na sua vida;
Acho que eu não tatuaria uma frase, mas tenho tatuado as palavras “amar” e “paz” em cada pulso, e para mim representam a expressão “amar em paz”. Há uma frase que tem um significado contínuo e permanente em minha vida e trago comigo desde que a li pela primeira vez há uns dez anos:
“A criatividade não é um movimento solitário, nisso reside seu poder.” Clarissa Pinkola Estés.
“A inspiração maior vem da natureza, tudo o que o homem criou até hoje é o que ele viu de fora, e o que tinha de fora antes desse concreto é natureza.”
Acompanhe o trabalho de Mari Kuroyama no Facebook, Instagram e Flickr. Para contato com a artista e agendamentos, somente pelo email – [email protected].