FTCMag Art Attack Masako Miki se baseia na cultura oriental para criar grandes esculturas em feltro
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Masako Miki se baseia na cultura oriental para criar grandes esculturas em feltro

Masako Miki

Masako Miki nasceu na cidade de Osaka, no Japão, mas se mudou para os Estados Unidos há mais de vinte anos, onde ela se estabeleceu e passou a desenvolver seu trabalho artístico que com o passar dos anos evoluiu para grandes esculturas em feltro.

Atualmente ela vive e trabalha na cidade de Berkeley, na Califórnia, mas sua origem oriental inspira sua prática artística, e a mantém conectada às tradições ancestrais japonesas. Religiões como o Budismo e o Xintoísmo se somam ao folclore japonês, à fauna, flora e às relações humanas pra inspirarem a criação das peças multicoloridas.

Entre duas graduações e o mestrado, cursados na Califórnia, a japonesa explorou os campos da pintura e da gravura. E depois de passar anos se expressando com as duas técnicas, ela também passou a se dedicar às esculturas em feltro, em meados de 2016.

Miki permaneceu durante três anos investindo na série de objetos. Suas primeiras peças tinham de 7 a 18 cm de altura. Elas eram totalmente compostas por e utilizavam a técnica de feltragem, que consiste em modelar a fibra com o uso de uma agulha.

Atualmente, além de atuar profissionalmente como artista visual, ela também leciona em universidades na Califórnia.

A TRADIÇÃO JAPONESA NAS ESCULTURAS DE MASAKO MIKI

A artista chama suas esculturas de metamorfos, que são interpretações pessoais do que a religião xintoísta entende como espíritos: “Enfatizo a ideia de pluralismo ao me referir à fluidez, um atributo dos metamorfos, que são sagrados e seculares. Eles nunca são definidos como uma entidade, pois estão sempre em transição”, conclui Miki.

Ela relaciona a fluidez dos metamorfos com conceitos contemporâneos que norteiam discussões sociais: “Vemos e temos a necessidade de um número crescente de espaços não binários respondendo aos conceitos de fluidez de gênero, identidade birracial e multiculturalismo. A mudança de forma se tornou um sinônimo de adaptação cultural e sobrevivência”, ela diz.

Miki cria as formas esculturais semi-abstratas utilizando cores marcantes e as coloca em um ambiente que sugere outra realidade. Cada obra recebe um título que está ligado ao metamorfo (espírito) que a inspirou. Algumas possuem referências visuais mais diretas e outras apresentam interpretações mais abstratas. Ela acredita que os títulos podem convidar o espectador a continuar se perguntando sobre o trabalho.

“Meu trabalho enfatiza as ideias de conexão e empatia, que muitas vezes são obscurecidas em nossa sociedade atual. Assim, é intencional criar um trabalho lúdico e convidativo. Experimentar essas sensibilidades evoca sentimentos de conectividade, revelou a artista ao Juxtapoz.

PROCESSO DE PRODUÇÃO E GRANDES ESCALAS

Depois de anos trabalhando em pequena escala, em 2019 a japonesa exibiu 14 obras em tamanho maximizado no Museu de Arte de Berkeley. A instalação “passa das formas tridimensionais para imagens abstratas no chão e nas paredes, transmitindo uma sensação de expansão de limites”, segundo o Bampfa.

Masako Miki é a primeira artista a criar esculturas gigantes com esse processo de arte em feltro, e a experimentação em tamanhos maiores surgiu da intenção de criar um universo imersivo, onde o expectador se sentisse parte da obra. Diferente das esculturas menores, que criam relações mais íntimas com as pessoas, as formas maiores se colocam como seres no ambiente, e mudam a relação que o público tem com elas.

Pra confecção das peças, ela digitalizou em 3D suas esculturas menores de feltro. Até então ela nunca havia trabalhado com processos tecnológicos, e conta que o envolvimento com a ferramenta digital a fez perceber a importância do analógico: “Eu ainda tinha que fazer tudo à mão para posteriormente fazer o escaneamento 3D, e só pude terminar de feltrar as peças grandes à mão. Os processos analógicos nunca são substituíveis. Não há substituição para este processo, conclui.

Ela também precisou criar estruturas de espuma industrial rígida, de até 3 metros de altura, pra sustentar as esculturas. E cada uma foi coberta por duas ou três camadas de lã feltrada. Para a exposição do Museu de Arte de Berkeley foram usados cerca de 5kg de lã de cada cor.

Caminhando ao redor das grandes formas na galeria, os visitantes puderam aproveitar a sensação de mudança na percepção entre as formas e as imagens. A instalação demonstra com êxito o interesse de Miki de abordar a relação de todos os seres no universo, sejam eles animados ou inanimados.

Se quiser continuar acompanhando o trabalho de Masako Miki, visite o perfil da artista no instagram.

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