Além da Exposição “Tarsila Popular”, o museu recebe ainda outras duas mostras que celebram o trabalho de artistas brasileiras
COMPOSIÇÃO (Figura só), 1930, óleo sobre tela, 83x129cm. Tela que passa uma certa melancolia, pela figura que aparece só. Como o subtítulo do quadro já diz, com os cabelos longos e voando soltos, aparentando um olhar para o infinito. Foi uma época da vida de Tarsila que ocorreram sérias mudanças sentimentais, com a separação de Oswald de Andrade, e também de ordem financeira, com a crise da bolsa de Nova Iorque.
Tarsila do Amaral é um dos principais nomes do modernismo, uma vertente que revolucionou as artes plásticas no Brasil. A célebre pintora ganha a partir deste mês até julho uma exposição no Museu de Arte de São Paulo, o MASP, com suas principais obras e que celebra o seu legado pioneiro.
A artista estudou na França, onde teve contato com as técnicas de pintura modernistas que abalavam as tradições européias. A influência de Fernand Léger tornou-se clara em seu trabalho, no arredondamento das formas e na síntese de elementos. Apesar desse histórico, foi somente quando retornou ao Brasil que a pintora “redescobriu” as riquezas de nosso país e encontrou sua identidade artística.
Tarsila foi casada com Oswald de Andrade, outro nome forte do modernismo no Brasil, que cunhou o termo antropofagia. O nome se refere ao processo de Tarsila de absorver as técnicas que aprendeu na Europa e transformá-las em algo totalmente novo, refletindo em seu estilo próprio de pintura.
A NEGRA, 1923, óleo sobre tela, 100x80cm. Este quadro conferiu a Tarsila um lugar pioneiro na arte brasileira. Pela primeira vez um negro foi mostrado com destaque e força. O grande mestre francês Fernand Léger, professor de Tarsila na época, quando viu a obra, ficou fascinado e quis que todos os seus alunos a vissem também.
TARSILA POPULAR – NO MASP
A exposição no MASP “Tarsila Popular” conta com um total de 92 obras que exploram elementos escolhidos pela artista para retratar uma identidade brasileira. São comuns paisagens do interior, da fazenda onde morou quando criança ou mesmo do subúrbio e da favela, indígenas, negros, animais e plantas, criando mitos ou figuras reais.
Entre os quadros mais famosos estão “Abaporu”, “A Negra” e “A Cuca”. A pintora brasileira tinha o costume de adjetivar as cores. Assim, “verde cantante”, “azul puríssimo”, “amarelo vivo” e “rosa violáceo” tornaram-se os tons frequentes em suas obras.
Algumas das obras de Tarsila retornam ao Brasil especialmente para essa mostra, que reforça sua importância como pintora, após uma exposição de sucesso no Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA), em Nova Iorque e a venda de seu quadro “A Lua”, por 20 milhões de dólares.
MORRO DA FAVELA, 1924, óleo sobre tela, 64x74cm. A artista mostra uma grande exuberância de cores em seu trabalho. Apesar de Tarsila pintar casinhas coloridas, em meio a coqueiros, cactos e outros tipos de vegetação, a população pobre, na época, era obrigada a ceder seu lugar na cidade para a revitalização dos centros. Essas pessoas foram empurradas para os morros, vivendo ali como marginais.
Além da mostra “Tarsila Popular”, o MASP recebe ao mesmo tempo outras duas exposições: “Djanira: a memória de seu povo” e “Lina Bo Bardi: Habitat”. Lina foi a arquiteta responsável pelo projeto do MASP, que completou 50 anos em 2018. Já Djanira foi uma artista brasileira também modernista e que possuiu uma história de luta e superação de sua origem humilde. Todas essas exposições são pensadas dentro de um projeto do museu de dedicar o ano de 2019 a artistas brasileiras, sob o título de Histórias das mulheres, histórias feministas.
OPERÁRIOS, 1933, óleo sobre tela, 150×205 cm. Foi a primeira com conotação social tão explícita. Depois de uma viagem para Moscou, onde fez uma exposição em 1931, Tarsila voltou sensibilizada com a causa operária e pintou esta obra.
É possível comprar ingressos online para as exposições pelo site do MASP. A exposição vai até o dia 28 de julho de 2019. Não perca!
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