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Museu de Arte Urbana de Belém (M.A.U.B) reúne murais que unem arte, ciência e biodiversidade amazônica

O M.A.U.B traz 19 artistas para revitalizar os muros do Parque Zoobotânico e o Campus de Pesquisa do museu, criando murais que unem arte, ciência e a biodiversidade amazônica às vésperas da COP30;

O Museu de Arte Urbana de Belém (M.A.U.B) anunciou 19 artistas selecionados por edital para a sua terceira edição, consolidando-se como uma verdadeira galeria de arte urbana a céu aberto na Amazônia. Este ano, o projeto se une ao histórico Museu Paraense Emílio Goeldi para revitalizar os muros do Parque Zoobotânico, patrimônio tombado e que nunca recebeu intervenção artística desde sua fundação há 130 anos, e a fachada dos prédios do Campus de Pesquisa.

Ganharão novas cores e significados por meio de obras que retratam, de forma sensível, o acervo do museu, sua relevância para a cidade e a riqueza da fauna e flora amazônicas — um marco histórico para a arte urbana em Belém que se prepara para a COP30. 

Com temática inspirada no Museu Paraense Emílio Goeldi, os murais deverão dialogar com suas coleções e pesquisas, patrimônio das áreas de ciências humanas, naturais e da terra.

As produções abordarão temas como fauna, flora, arqueologia, heranças afro-amazônicas, saberes indígenas e biodiversidade, reforçando a ligação entre arte, ciência e memória amazônica. Os artistas participantes da terceira edição são: Alessandro Hipz, And Santtos, Cely Feliz, Kekel, Graf, Wira Tini, Deco Treco, Wes Gama, Ayala, João Nove – Digital Orgânico, Éder Oliveira, Chico Ribeiro, Alex Senna, LENU, Dudi Rodrigues, Dedéh Farias, Amanda Nunes, Dannoelly Cardoso, e a dupla Gabz e Tsssrex. 

De acordo com o previsto no edital de seleção, entre esses nomes há artistas locais e procedentes de várias regiões do Brasil, escolhidos por uma curadoria que privilegia produções ligadas à fauna e flora, mas também a representações não óbvias da biodiversidade amazônica.

Para a imersão, os artistas terão dois dias de convivência com o acervo e os profissionais do museu, de modo a poder-se conectar a riquezas como as coleções tapajônicas, as cerâmicas marajoaras e a maior coleção indígena do mundo, guardada pelo Campus de Pesquisa. 

Toda essa diversidade servirá de inspiração para os 19 murais, dos quais 17 serão instalados no Parque Zoobotânico e 2 no Campus de Pesquisa. Inicialmente, as obras serão exibidas nas paredes externas do museu por no mínimo um ano.

A ideia é, com o Museu Paraense Emílio Goeldi, homenagear figuras locais — entre elas, o mateiro, personagem sem nome e rosto que se refere a um morador da área de mata, responsável por guiar pesquisadores. 

Artistas participantes

A produção das obras teve início no dia 16 de setembro, com lançamento oficial marcado para o dia 28. Entre os selecionados estão Alessandro Hipz, artista autodidata de Manaus, que retrata a Amazônia com forte influência do hip hop, das HQs e da figura da mulher amazônica, levando seus murais a várias capitais brasileiras. Na mesma sintonia de valorização cultural, And Santtos, paraense e criador do odivelismo, mistura realismo e surrealismo para celebrar a Amazônia em cores e narrativas poéticas. 

Também da região, Cely Feliz é muralista e educadora amazônida que desenvolveu o caboclofuturismo, estética que une grafismos marajoaras, pajelança urbana e narrativas ribeirinhas em murais-rituais de resistência. Já Kekel, marajoara radicado em Belém, utiliza madeira reaproveitada de barcos para suas esculturas e objetos sustentáveis, conectando tradição local à inovação contemporânea. 

Da cena urbana de Belém, Graf iniciou-se na pixação em 2002 e hoje enfatiza em sua obra a ancestralidade afro-indígena, além da fauna e flora amazônica.  Fundadora do festival Graffiti Queens, Wira Tini, artista kokama de Manaus, alia  saberes ancestrais à cultura urbana e é referência na arte urbana feminina nacional. 

Explorando universos mais lúdicos, o artista paulista Deco Treco cria murais, pinturas e bordados de estética pop surrealista, com humor e nonsense, já exibidos no Brasil, Inglaterra e outros festivais internacionais. Wes Gama, goiano autodidata, cunhou o conceito de caipira futurista, em que pássaros e símbolos refletem ancestralidade, meio ambiente e identidade popular. 

Entre as vozes femininas da Amazônia, Ayala iniciou no artesanato e hoje se dedica à string art, ilustração e muralismo, sempre inspirada pela estética amazônica. De São Paulo, João Nove (Digital Orgânico) desenvolve, desde 1997, obras que unem digital e orgânico, com murais no Brasil e em países como EUA, Alemanha e Suíça. 

Éder Oliveira, paraense, investiga desde 2004 a identidade amazônica por meio do retrato, abordando imagem, violência e memória coletiva em obras críticas. Chico Ribeiro, jovem artista amapaense radicado no Pará, pesquisa pintura em contextos periféricos e já participou de curso de residência com o próprio Éder. 

De estética marcante em preto e branco, Alex Senna, muralista paulista, transforma muros em narrativas poéticas sobre afetos cotidianos. Seu trabalho já percorreu 24 países e grandes festivais internacionais. Lenu, paraense, há mais de 15 anos explora o surrealismo amazônico com diversas linguagens. Para ela, a arte é ferramenta de identidade, educação e pertencimento. 

A cena contemporânea de Belém também ganha força com Dudi Rodrigues, muralista e ilustradora autodidata, que traduz crenças e vivências pessoais e defende a arte como agente de transformação social. Igualmente de Belém, Dedéh Farias é artista visual multidisciplinar que atua no muralismo, na pintura, ilustração digital e arte urbana. Sua obra é marcada por cores vibrantes e referências da fauna, da flora e do imaginário amazônico, consolidando sua presença em importantes espaços culturais locais e em festivais nacionais de destaque, como o Concreto (Fortaleza) e o Street of Styles (Curitiba). 

Do Ceará, Amanda Nunes mescla arte sacra, surrealismo e resistência em suas obras; tem trabalhos na Pinacoteca Estadual do seu estado. Dannoelly Cardoso, residente em Belém do Pará, traduz experiências amazônicas em retratos realistas que unem tradição e contemporaneidade, fortalecendo o protagonismo feminino na arte. 

Por fim, Gabz e Tsssrex representam duas gerações do graffiti em Belém: Gabz, da crew VX3, iniciou seu trabalho em 2019 e vem consolidando sua presença na cena urbana. Tsssrex, atuante desde 2004, é referência nacional com obras potentes que equilibram crítica social e estética vibrante. 

Sobre o M.A.U.B 

O Museu de Arte Urbana de Belém (M.A.U.B) é uma grande exposição de Street Art desenvolvida por artistas visuais nacionais e internacionais todos os anos, desde 2021, na cidade de Belém, no Pará. As obras são aplicadas em muros e em fachadas de prédios, transformando qualquer percurso no maior museu a céu aberto do Norte do país, gratuito e acessível a todos. Com a ocupação do espaço público em busca da democratização da arte, a troca entre diferentes culturas e estímulo do pertencimento local valoriza a memória coletiva, criada a cada edição do M.A.U.B.

Sobre o Museu Paraense Emílio Goeldi 

O Museu Paraense Emílio Goeldi é uma unidade de pesquisa do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e completa 160 anos em outubro de 2026. A mais antiga instituição científica da Amazônia reúne três bases físicas, sendo uma no arquipélago do Marajó, que é a Estação Científica Ferreira Penna, e duas em Belém, que são o Parque Zoobotânico (São Brás) e o Campus de Pesquisa (Terra Firme). Suas coleções científicas e seus estudos representam ricos patrimônios sobre o bioma mais biodiverso do planeta, sendo referência mundial nas áreas de Ciências Humanas, Naturais e da Terra.