My Room Project: Fotógrafo registra quartos onde jovens dormem para falar de desigualdade social
Nossos quartos revelam muito sobre nós. Não é apenas um mero lugar para dormir, mas sim um cômodo da casa onde costumamos passar bastante tempo e no qual a maioria dos objetos contam parte de nossa história, mesmo que indiretamente.
É um espaço revelador e, de alguma maneira, mostra nuances do nosso modo de vida, nossos gostos e etc. O fotógrafo francês John Thackwray resolveu revelar um pouco desse universo particular e passou seis anos viajando pelo mundo com o My Room Project.
Durante esse período, o artista esteve em 55 países para registrar as diferenças culturais encontradas no cômodo onde diversos tipos de pessoas dormem. Ao todo, foram 1.200 quartos fotografados, incluindo o do brasileiro Claudio, de 24 anos, morador do Rio de Janeiro (imagem abaixo).
O projeto My Room, que basicamente busca ilustrar as diferenças culturais dos quartos de jovens entre 18 e 30 anos, teve início no ano de 2010. O conceito da série é o mais simples possível: fotografar pessoas que nasceram entre os anos 80 e 90, onde dormem e entrevistá-los sobre seu modo de vida, educação, religião e amor.
O que começou no quarto de um amigo de John ganhou o mundo. Vários candidatos ao redor do planeta já participaram, independente de sua condição social e maneira de viver. John visitou quartos em reservas indígenas, templos budistas e até mesmo em uma prisão mexicana e em um campo de refugiados na Palestina.
O resultado dessa viagem antropológica deu vida ao livro My Room – A Portrait of Generation, o qual pode ser adquirido no site oficial do fotógrafo. Além disso, o trabalho do francês rendeu exposições na Itália França, China, África do Sul e Japão. Confira:
Marixa, 21, professora em Sibundoy, Colômbia. Quarto #633;
Fha, 20, fazendeira em Ban Saingam, Tailândia. Quarto #313;
Joseph, 30, artista em Paris, França, Quarto #024;
O fotógrafo quis explorar a diversidade que existe no mundo, mesclando o tradicional, o moderno, o rural e o urbano, a fim de expressar, através da câmera, as grandes desigualdade sociais e como isso afeta as pessoas.
Mas quem acha que o processo foi fácil, engana-se. Registrar um lugar tão intimo fez com que muita gente quase desistisse. Segundo ele, convencer as pessoas a deixar que John fotografasse o cômodo levava aproximadamente 95% do tempo. O resto era fotografia e entrevista.
Ezekiel, 22, guerreiro em Echo Manyata, Kênia. Quarto #867;
Dongzhé, 25, designer em Beijing, China. Quarta #268;
A maioria das pessoas retratadas no projeto foram encontradas através de ONGs e mídias sociais. Porém, em alguns casos, John as abordava no meio da rua e as convidava para participar da série.
Osia, 18, pastor de ovelhas em Ha Selomo, Lesotho, África. Quarto #1049;
Ryoko, 25, TI em Tóquio, Japão. Quarto #256;
Fatou, 17, costureira em Thies, Senegal. Quarto #7338;
Ao ser questionado sobre qual foi o maior aprendizado com o My Room,
foi categórico:“O mundo é injusto. As desigualdades e a ignorância são os maiores flagelos da humanidade. As pessoas frequentemente confundem pobreza com violência e conforto com felicidade, acham que essas coisas são mutuamente exclusivas. Eu vi mais sorrisos em países pobres e muito mais depressão em países desenvolvidos”.
Pema, 22, estudante de Budismo em Katmandu, Nepal. Quarto #385;
Maja, 22, estudante de arquitetura em Berlim, Alemanha. Quarto #117;
Sabrina, 27, professora infantil em Shatila, Líbano. Quarto #1093;
Zhalay, 18, estudante em Zhanbyl, Casaquistão. Quarto #45;
O resultado final é bem interessante! Confira mais fotos do My Room no site oficial do projeto.
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