Rômulo Pacheco é um dos grandes tatuadores do momento. Ele, que gosta de desenhar desde criança, conta que na infância seus pais estavam sempre de mudança. Como trocava de escola 3 ou 4 vezes por ano, rabiscava várias coisas em seus cadernos, já que isso sempre o ajudou a fazer novos amigos em pouco tempo. Bastava fazer a caricatura de um professor que logo estava enturmado.
Sua primeira faculdade foi de arquitetura, em Recife, mas por completa falta de aptidão (suas próprias palavras), estudou apenas por um ano. Acabou se formando em design gráfico em Belo Horizonte e durante os 5 anos de curso, trabalhou como arte finalista, diretor de arte e designer gráfico, até se firmar como ilustrador.
Em 2000, começou criar ilustrações publicitárias em BH e depois em Salvador. Em 2004, quando mudou pra São Paulo, fazia ilustração editorial. Mas foi no final de 2012, meio que por acaso, que ele resolveu aprender a tatuar. Contou com a ajuda de um amigo de infância, Fabio Satori, que é um tatuador muito experiente e que teve total disposição de lhe ensinar a infinidade de macetes que a profissão exige.
A transição foi bem rápida. Em 2013 deixou seu trabalho de lado pra poder dedicar tempo e a energia que a profissão de tatuador exige.
Conversamos um pouco mais com Rômulo para saber sobre suas inspirações:
FTC: Como você define a sua arte?
Gosto de pensar na tatuagem como uma arte de antigamente, antes da separação entre arte e artesanato. Considero o conceito de “arte” e “artista” nos dias de hoje algo muito complicado, tal definição foge do meu entendimento.
Identifico meu ofício, talvez de forma um tanto romântica, como o ofício de um carpinteiro, um ourives ou um luthier. Penso em cada tattoo como uma peça única e feita com bastante cuidado, e não algo produzido em série.
FTC: Com o que você se inspira?
Acho que a tatuagem tem muito mais em comum com a gravura do que com o desenho. Meu traço era muito solto, meus desenhos pareciam quase esboços. Eu gostava de deixar a caneta passear pelo papel de forma livre. Já a tatuagem é algo feito de maneira planejada, cada linha traçada com firmeza.
Daí retomei minha paixão pela gravura. Me inspiro principalmente nas peças produzidas entre 1.500 e 1.800. Adoro as representações de santos e demônios da idade média. Até 1.900 ainda encontro referências bacanas, antes do modernismo estragar tudo. Falo isso de brincadeira, sei que cada período tem sua importância, mas me encanta a relativa simplicidade da arte antiga.
FTC: Qual foi sua primeira tatuagem em um cliente?
Tirando eu mesmo e amigos, a primeira tatuagem foi uma gravura representando um gradil antigo, feita na parte da frente da coxa de uma moça muito corajosa.
FTC: Alguns sites que definem um pouco de você.
Brain Pickings: Site bom pra quem tem preguiça de ler. Faz ótimos resumos e destaca frases importantes em letras grandes.
Morbid Anatomy: “Surveying the Interstices of Art and Medicine, Death and Culture”. Não preciso dizer mais nada!
FTC: Uma frase que vc carrega para a vida.
“Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay”.
No Facebook: /romulopachecotattoo. No Instagram: @romulopachecotattoo.
