O fabuloso mundo de papel machê de Alice Mantellatto
Há tempos somos fãs do trabalho de Alice Mantellatto, artista plástica e arte educadora, que cria peças coloridas e delicadas em papel machê. São bonecos, ilustrações, acessórios como anéis, broches, marcadores de livro, e até a personalização de alguém que você queira presentear.
Desde criança, Alice gosta de inventar coisas diferentes usando folhas de sulfite ou o que estivesse ao seu alcance. Quando precisou escolher qual faculdade cursar, não teve muitos conflitos. Foi logo para a Educação Artística. Durante a faculdade, por mais contraditório que isso possa parecer, não conseguia criar. Faltava ideias, materiais e motivação.
Foi em um voluntariado que fez em um Hospital, quando precisou confeccionar um fantoche diferente para brincar com as crianças internadas, que descobriu o papel machê. Desde então, o material entrou definitivamente em sua vida e as ideias nunca mais fugiram.
O trabalho que era apenas um hobby, cresceu e se aprimorou. Hoje Alice dá aulas de Educação Artística para crianças do 2º ao 5º ano e se dedica ao que mais gosta de fazer. E pode dizer que alcançou aquilo que planejou ao escolher sua faculdade: ensinar e criar.
Conversamos com a artista para saber um pouco mais sobre suas inspirações:
FTC: Existe um por quê de você ter começado a se expressar através do papel machê? E como começou a criar os personagens?
Alice: Sim, a falta de recursos financeiros e a necessidade de criar. Durante a infância sempre desenhei e pintei bastante. Materiais para desenho sempre foram abundantes em casa, pois meu pai é arquiteto e eu usava os dele. Durante a adolescência, cansada dos desenhos, me interessei pelo tridimensional. Trabalhei um tempo com biscuit e argila, mas não gostava de manusear eles.
Aos 16 anos, entrei num curso de artesanato com objetos recicláveis e conheci a papietagem. Descobri que com simples camadas de papel eu poderia criar o que quisesse. No último ano da faculdade, quando quis confeccionar fantoches, me lembrei disso e parti para o desafio de aprender a massa do papel machê. Gostei tanto da técnica que não parei mais. Os personagens surgiram da minha paixão por teatro de bonecos. Comecei fazendo fantoches e marionetes simples e aos poucos, parti para os personagens/esculturas e descobri o que mais gosto de fazer na vida.
FTC: Qual personagem que já criou e se orgulha mais? O mais pedido de todos?
Alice: O personagem que criei e mais me orgulho é uma boneca, a segunda que fiz. Ela não tem nome, mas significa muito para mim. Fiz um esboço e tentei deixar o mais próximo da ideia inicial. Mesmo assim, pequenas alterações foram inevitáveis e fundamentais. O processo de criação foi difícil, mas ela foi nascendo naturalmente, sem muito esforço. O mais pedido de todos é, sem dúvida, o passarinho, que tem diversas cores e formatos.
FTC: Qual o desafio de trabalhar com a sua arte?
Alice: Acelerar o tempo de confecção. O papel machê tem secagem lenta e necessita de diversas camadas do material até que a peça esteja pronta para lixar e pintar. Neste caso, o desafio aparece quando tenho prazos curtos para entregar determinada peça e não posso, devido à essa característica.
No entanto, acredito que essa demora me ajuda a lidar com a ansiedade. Sou ansiosa para tudo, menos para ver as minhas peças prontas. Não penso em desafios grandes quando inicio algo novo no meu trabalho. Eu sempre tenho certeza que vou conseguir um resultado satisfatório, mesmo que seja diferente do que desejei no início do processo de criação. E o que mais me encanta é isso: não saber como vai ficar, porque acredito que cada escultura tem vida própria.
FTC: 3 sites, 3 filmes, 1 livro que definem um pouco de vc.
Alice: Sites: Pinterest, Rebecca Green e Estéfi Machado. Filmes: Porco Espinho (Le Hérisson), A língua das Mariposas e Eles Voltam. Livro: Campo Geral, do livro Corpo de Baile de Guimarães Rosa.
FTC: Com o que você se inspira?
Alice: Filmes, ilustrações de livros infantis, pessoas, blogs, fotografias, animais, livros, obras dos grandes mestres da pintura, figurino e cenário de teatro, revistas, doces, músicas. Observo muito e tento transmitir a minha visão sobre a vida, o que vejo e sinto através do meu trabalho.
FTC: Se você fosse uma cor, qual seria e por que?
Alice: Pergunta difícil! Quando eu era criança, dizia que a minha cor favorita era o rosa. Depois, passei para o amarelo. Gosto muito da combinação entre rosa e azul ou rosa e amarelo. Ultimamente as cores pastel têm me encantado. Mas se fosse pra escolher apenas uma, continuaria com o rosa porque é uma cor sensível, romântica, suave e delicada.
FTC: Uma frase que vc carrega para a vida.
Alice: “Eu sempre sonho que uma coisa gera, nunca nada está morto. O que não parece vivo, aduba. O que parece estático, espera.” Adélia Prado.
O ateliê de Alice:
No Facebook: Alice papel machê. Instagram: @nopaisdaalice. Loja: No País da Alice (papel machê e ilustrações).