Conhecida por cobrir grandes superfícies com crochês coloridos (técnica chamada Yarn Bombing), a artista Olek, de Nova York, dessa vez foi além dos carros, esculturas, locomotivas e bicicletas, que costuma criar. As instalações foram feitas apenas com linhas cor-de-rosa e revestiram duas casas inteiras.
A primeira, localizada em Avesta, na Suécia, foi feita em parceria com o Museu Avesta Art e com a ajuda de oito assistentes, além de moradoras locais da comunidade que passavam para confeccionar os vários quadrados de crochê.
Denominada de #ourpinkhouse (‘Nossa Casa Rosa’), a ação quis chamar atenção para as mais de 21 milhões de pessoas que em 2015 foram forçadas a deixar suas casas para fugir de conflitos em seus países, a famosa crise dos refugiados.
“A nossa casa-rosa é sobre a jornada, não apenas sobre o trabalho artístico. É sobre nós como uma comunidade. Trata-se de ajudar uns aos outros. Na pequena cidade sueca de Avesta provamos que somos mais fortes juntos, que podemos fazer qualquer coisa acontecer juntos.”
“Vivemos em tempos difíceis, um mundo em mudança cheio de conflitos, guerras e desastres naturais. Mas eu gosto de pensar que é também um mundo cheio de amor”, destaca Olek.
Primeira casa do projeto #ourpinkhouse em Avesta, na Suécia;
“Pessoas de todas as esferas vieram juntos para tornar possível este projeto. Alguém doou a casa, outra consertou a electricidade e a Red Heart Yarns deu os materiais. E, claro, o mais importante, muitas mulheres se juntaram a nós no esforço para tornar meu sonho uma realidade”, declarou Olek após finalizar o trabalho na casa de Avesta.
A segunda casa, originalmente construída em 1900 em Kerava, na Finlândia, foi a de Karl Jacob Svensk (1883-1968), que durante a Guerra de Inverno (1939-1940) teve de fugir com a família para escapar de bombas que caíam em seu quintal.
“Felizmente, Karl e a família não tiveram que sair permanentemente. Em 2015 , mais de 21 milhões de pessoas foram forçadas a deixar suas casas para fugir das guerras e não devem voltar para lá”, diz a artista que contou com a ajuda de refugiadas para o trabalho.
Olek conta que a ideia surgiu na primeira vez que esteve em Avesta, quando refugiados sírios e ucranianos que a ajudaram na instalação de uma de suas peças no Museu Verket começaram a contar histórias de suas experiências recentes e os horrores de seus países de origem.
A artista, então, decidiu modificar a casa com crochê para ilustrar a situação dessas pessoas em todo o mundo, na qual centenas de milhares ficaram sem lar.
Logo após, quis criar algo com final positivo, como símbolo de um futuro melhor para todos, especialmente os que tiveram de deixar seu país. “Não importa se a vida nos coloca para baixo, podemos começar de novo”, diz ela.
Segunda casa do projeto #ourpinkhouse em Kerava, na Finlândia;
“A casa rosa é um símbolo de um futuro brilhante, de esperança, de comunidade e de ajuda. Todos devem ter uma casa. Estou muito orgulhosa dos que me acompanharam nesta jornada. Obrigada pelo trabalho duro. A vida e a arte são inseparáveis”.