Planeta dos macacos: um livro tão bom quanto o filme de 1968!
Embora seja mais lembrado pelas adaptações para o cinema em 1968 e em 2001, além de sequências e séries de TV, Planeta dos Macacos é originalmente um livro publicado pelo francês Pierre Boulle em 1963.
Boulle já tinha emplacado uma adaptação cinematográfica de sucesso quando publicou Planeta dos Macacos, o clássico A Ponte do Rio Kwai de 1957. Porém não imaginava que conseguiria repetir o feito com seu romance sobre um planeta dominado por símios por temer que os personagens ficassem risíveis nas telas (os efeitos especiais e de maquiagem eram limitados na época). Felizmente o filme de 1968 conseguiu convencer até mesmo o autor e hoje é um dos maiores ícones da cultura pop, responsável por atrair uma legião de fãs e pela consagração da história como um clássico da ficção científica.
O livro é excelente tanto para quem já é fã dos filmes quanto para que nunca teve contato com a história dos viajantes espaciais capturados por macacos pensantes. Apesar de a trama ser essencialmente a mesma que a apresentada no cinema, o tom de Boulle tende mais para a sátira de costumes que para um thriller de ficção científica. No livro acompanhamos as reflexões do jornalista Ulysse sobre a crueldade dos macacos com os humanos sempre em contraponto com as próprias lembranças do protagonista do tratamento que terráqueos dão aos animais. Isso torna a narrativa uma poderosa crítica e ridicularização da pretensão humana de superioridade sobre as espécies, e do próprio conceito de civilidade.
O trabalho editorial da Aleph contextualiza bem a escrita de Boulle, trazendo extras que discutem as referências da obra (são tão diversas quanto Voltaire e pulp magazines) e a vida do escritor, além de uma entrevista em que o autor comenta a adaptação cinematográfica do seu texto. É legal perceber que a ideia do autor era simplesmente contar uma boa história sem necessariamente ser uma ficção científica, e que o perfeccionismo do mesmo (ele não considerava Planeta dos Macacos um grande livro) acabou criando um clássico do gênero.
A principal diferença entre o livro e o filme de 68 é justamente um dos momentos que consagrou Planeta dos Macacos no imaginário pop: a cena final com a Estátua da Liberdade é uma invenção do cinema. O livro termina de forma semelhante, mas sem uma cena tão impactante. Em uma das entrevistas que fazem parte da edição da Aleph, Boulle comenta que prefere o final do livro, por julgar o filme exagerado, ao mesmo tempo que diz entender que esse exagero dramático faz parte do cinema. Mas garanto que mesmo que pareça impossível imaginar Planeta dos Macacos sem a dramaticidade que o marcou nas telas, é muito prazeroso ler a história de Ulysse em outro ritmo.
*Resenha feita por Beatriz Blanco. Beatriz é web designer, docente e pesquisadora em arte digital e games, além de viciada em ficção científica em todas as mídias.
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