Plástico biodegradável feito de cacto surge como alternativa mais sustentável, mesmo em meio a outros tipos no mercado

Plástico biodegradável feito de cacto surge como alternativa mais sustentável, mesmo em meio a outros tipos no mercado

Um plástico biodegradável feito de cacto? Material foi descoberto a partir de pesquisas feitas em universidade no México com espécie local 

Pesquisadores da Universidade do Vale de Atemajac no México descobriram um tipo de plástico biodegradável feito a partir de um cacto. Enquanto existem no mercado outros tipos de plástico não nocivos ao meio ambiente, esta recém descoberta é útil uma vez que os cactos podem ser plantados em terras não destinadas à alimentação

O processo começa com misturar em um processador as folhas cortadas do cacto. O resultado é um líquido verde intenso, que então é misturado com outros produtos naturais e processado. Assim se obtém o novo tipo de plástico biodegradável, a partir de uma fonte vegetal presente na natureza

Os pesquisadores apontam que o material se desfaz mais rápido se comparado com o plástico proveniente de combustíveis fósseis, como o petróleo e também não representa perigo de intoxicação caso seja ingerido. O plástico feito de cactos, entretanto, não necessariamente vai ajudar a diminuir o fluxo de lixo que acaba chegando ao oceano.   

É necessário uma mudança no uso de fontes primárias na produção industrial. Estima-se que atualmente que bilhões de materiais plásticos se encontram no oceano a cada ano. Ao se decompor, as partículas plásticas acabam se infiltrando em nossa cadeia alimentar, por exemplo, por meio de peixes que são contaminados com o material. 

O cacto usado no experimento é do tipo Figueira da Índia (opuntia ficus-indica e a opuntia megacantha), de formato arredondado, com espinhos na ponta e do qual origina uma fruta chamada figo da Índia. A espécie é local do estado de Jalisco, onde fica a universidade de Atemajac. “Essa espécie de cacto contém uma grande quantidade de açúcares e gomas que favorecem a formação de biopolímeros”, diz professora e engenheira química Sandra Pascoe, a responsável. 

Outras plantas que são usadas para fazer plástico ou materiais compostáveis ainda ficam para trás na corrida sustentável. O cacto, além de não precisar de fertilizantes ou outros recursos para crescer, aguenta condições difíceis de clima e temperatura, poupando até mesmo a necessidade de muita água. Não requer cuidados de cultivo nem de produção. 

O plástico é feito dos açúcares (monossacarídeos e polissacarídeos) do suco de cacto. Os açúcares, pectina e ácidos orgânicos presentes no suco conferem uma consistência viscosa. Quando misturado com uma mistura de glicerol, corantes, proteínas, ceras naturais e decantado para remover a fibra, a fórmula é seca em uma placa quente para produzir folhas de plástico sólidas e flexíveis. 

Apesar do plástico biodegradável feito de cacto não ser tão durável quanto o plástico feito de petróleo, ele pode ser aplicado na produção de materiais descartáveis, por exemplo ou de pequena duração. Além disso, ele pode ser digerido por sistemas caseiros de compostagem, sem a necessidade de processos industriais. Atualmente, estão sendo feitos os últimos testes para viabilizar a circulação comercial do material.

Sandra complementa: “É um produto não tóxico. Todos os materiais que usamos podem ser ingeridos por seres humanos ou animais. E eles não causariam nenhum dano. Minha ideia é produzir um plástico a partir de ingredientes naturais e substituí-lo por alguns dos plásticos que usamos hoje. Podemos obter cores, formas e espessuras diferentes. Podemos fabricar plásticos muito suaves ou flexíveis e fabricar outros mais rígidos.”

Por enquanto, a produção do plástico à base de cactos é limitada ao laboratório de Pascoe, onde ela e seus alunos passam um tempo fabricando a alternativa potencialmente revolucionária.

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