Produção de zines ganha força com artistas e editoras independentes, atraindo cada vez mais adeptos na era digital
Zines: as publicações seguem estilo do “faça você mesmo” e são uma ótima maneira de divulgar conteúdos autorais
Imagem: Maiermuseum.org
Com o crescimento do mercado independente e maior acesso a recursos, surgem cada vez mais artistas que conseguem se manter a partir da venda de trabalhos autorais. Diversas formas de expressão ganham força e conquistam seus públicos, seja pela novidade do conteúdo ou pela singularidade de estilo do artista. E um desses recursos que ganham força com o tempo são os zines.
Mas o que são, afinal? Os zines são híbridos, não se classificam em uma única categoria. Mas eles têm sim algumas características em comum, como: produção independente, de baixa tiragem, a partir de processos manuais. A origem do nome vem da junção das palavras fan e magazine.
Fanzines surgiram como uma manifestação independente de fãs para fãs, em relação a diversos universos culturais, como música, filmes, quadrinhos etc. A tiragem de zines é geralmente feita por fotocópias, seguindo a filosofia do “faça você mesmo”, desde a concepção até a distribuição.
O PRIMEIRO ZINE DO BRASIL
A primeira publicação desse gênero no Brasil foi feita em Piracicaba, na década de 70. Por estar muito ligado a tiragens pequenas, processos manuais e conteúdo autoral e independente, os zines também são um recurso muito usado pela cultura underground para disseminar opiniões, ideias, eventos.
No dia 12 de outubro de 1965, o desenhista piracicabano Edson Rontani lançou o 1º fanzine do País. Ainda chamado de “boletim informativo”, ‘Ficção’ foi criado em mimeógrafo à tinta, com textos e ilustrações em preto e branco, matéria e notícias datilografadas. A publicação durou cerca de 12 edições, sempre divulgando curiosidades sobre personagens dos gibis, editoras da época e publicações do gênero.
Com tiragem girando em torno de 600 cópias, as edições eram distribuídas pelo correio. Segundo registros, os exemplares, foram enviados para Mauricio de Sousa, José Mojica Marins (Zé do Caixão), Jô Soares e outros artistas ligados aos quadrinhos ou apenas aficionados por eles. (Info: universohq)
O ZINE HOJE
A cidade de São Paulo sedia anualmente a Feira Miolo(s), organizada pela editora Lote 42 e a Biblioteca Mário de Andrade, segunda maior biblioteca pública do país. A feira reúne diversos produtores independentes que apresentam inovações gráficas em forma de zines, livros, pôsteres e demais trabalhos visuais e manuais. Em 2018, a feira chegou a sua quinta edição com mais de 150 expositores entre editoras, artistas e coletivos.
Zine Carrossel, o difícil livro das Escolhas, por Ale Kalko
Outros pontos conhecidos em São Paulo por publicações independentes são a Banca Tatuí, no bairro Santa Cecília, e a Feira Plana, uma velha conhecida do ramo, localizava no bairro de Pinheiros. Além das publicações, a Plana também oferece cursos e workshops relacionados a escrita, editoração e criatividade.
Zine Sampa Tem dessas coisas, por Márcio Sno
OS ZINES NA ERA DIGITAL
Nossa editora Carol Moré bateu um papo com a Flo Lau, Diretora Criativa associada da Shutterstock, pra entender mais sobre os zines nos tempos modernos. Confira:
Carol: Flo, Zine é tendência segundo a Shutterstock em 2019. Como? Se temos sites, blogs, redes sociais, por que algo manual é tendência em uma empresa digital hoje em dia? Por que você acha que a Cultura Zine é tão interessante e valorizada como uma forma de expressão?
Flo: O melhor da era do zine é que você também pode transformá-lo em digital se quiser e pode fazer isso a partir do seu celular. Qualquer um pode pegar diversas mídias, usar imagens para expressar a ideia que tenha e queira compartilhar, e você pode ter sua voz ouvida entre seu nicho. O que é interessante é que na empresa, nós transformamos esses conteúdos incluindo imagens, músicas e vídeos em algo acessível, então as pessoas podem criar seus próprios zines individuais de forma rápida e fácil.
FTC: O zine tem sido uma ótima ferramenta para a difusão de artistas independentes. Quais dicas você pode oferecer para nos ajudar a criarmos os nossos zines?
Flo: A mídia social deu a esta arte uma nova casa e nova audiência na era digital. A estética caseira do zine pode ganhar uma atualização digital, o que ajuda a se destacar em um mundo digital polido. O único conselho que temos a dar, é você se divertir com tudo isso!
Zine DIY por Dream Nails
FTC: Onde obter inspiração para os recortes, colagens digitais, texturas e camadas que definem essa tendência?
Flo: O zine tem como princípio a colagem, os recortes de papel. Se você aplicar para o digital, basta utilizar também texturas de ruído, tipografias diferentes, granulação e camadas de borda áspera, o que definem essa tendência. A mistura de foto e elementos gráficos é o que lhe confere mais característica. A imaginação do criador é o limite nesse estilo.
FTC: Alguma sugestão de bons criadores de zine?
Flo: O Instagram permite que as pessoas criem sua própria plataforma e compartilhem suas ideias instantaneamente, o que é uma extensão do que o Zine era originalmente. Toda vez que você olha o Instagram, particularmente na seção “Stories”, você pode encontrar “Zines” incríveis da nova era em seu próprio feed!
Se criar sua própria fonte distorcida for um pouco complicado, ou se você tiver pouco tempo, você pode recriar a aparência e efeito fazendo download de uma digitalmente. (Imagem: Shutterstock)
Você pode obter uma aparência rascunhada com gráficos estilo doodle. Setas desenhadas à mão, linhas, são uma ótima maneira de criar links visuais entre diferentes seções do seu zine. (Imagem: Shutterstock)
Legal né? Por aqui nós adoramos ver criações diferentes e conhecer o trabalho de artistas independentes!