Kacy Johnson é fotógrafa e acredita que neste mundo as pessoas são amáveis e implacáveis. Kacy estudou fotografia e storytelling nos Estados Unidos, mas hoje divide seu tempo entre Nova York e São Paulo.
Um de seus projetos, o Corium, traz retratos de diversas mulheres brasileiras que toparam mostrar a sua pele. Kacy acredita que a pele carrega muitas histórias, como por exemplo, cicatrizes que testemunharam traumas e deixaram marcas permanentes.
Mais de 30 brasileiras já foram fotografadas por ela e o seu objetivo agora é chegar aos 100 para mostrar a bela diversidade de tons de pele do país.
Conversamos com Kacy para saber mais sobre suas inspirações e como a ideia surgiu:
FTC: Conte um pouco sobre você e o que faz aqui no Brasil.
Eu vim para o Brasil há 2 anos para trabalhar com um fotógrafo brasileiro chamado Julio Bittencourt. Eu só fiquei por 3 meses aqui naquele período, mas eu adorei. Então voltei cerca de um ano atrás, e durante esse tempo eu tenho trabalhado com retratos e projetos pessoais de fotografias como o Corium, que é inspirado pela bela diversidade de tons de pele no Brasil.
FTC: Como surgia a ideia do Corium?
Quando eu decidi vir para o Brasil, eu realmente não sabia muito sobre a cultura ou a história daqui. Eu só sabia que era um lugar que eu queria conhecer. Durante esses primeiros meses que passei, eu estava realmente inspirada na diversidade de pessoas, topografia, culturas, religiões, comida, tudo. Quando voltei para os Estados Unidos, vivi em Nova York, onde também estava cercada por pessoas de todo o mundo. No entanto, para mim era diferente de alguma forma. Fiquei pensando sobre como o Brasil parece muito mais misturado. Eu pensei em como eu gostaria de contar essa história visualmente. Eu amo criar retratos mais íntimos, e muitas vezes eu prefiro deixar a pele a vista. Para mim, a pele tornou-se a história.
FTC: Qual a sua observação sobre as mulheres brasileiras?
Eu sempre gostei de fotografar mulheres. Eu sou atraída pela força feminina e sua vulnerabilidade. Adoro ser mulher e colaborar com outras mulheres para contar nossas histórias. Estou muito feliz com o quão receptivas as brasileiras tem sido com a ideia do projeto. Elas chegam com um grupo de amigas para fotografar comigo ao longo do dia e há sempre uma energia positiva. Elas ficam muito felizes em serem vistas, e eu adoro isso.
FTC: O que as cores significam para você?
Cor é algo que eu uso para criar o mundo em que eu quero viver. Pessoalmente, gosto de me cercar de cores que criam sentimentos de harmonia e liberdade em minha mente, cores que alimentam isso. No meu trabalho, eu uso as cores como ferramentas de expressão. Mais uma vez, é sobre criar um mundo. Transmitir uma sensação para o espectador, sem a necessidade de usar palavras.
FTC: O que você acha que a pele pode dizer sobre uma pessoa?
Eu acho que nós olhamos a pele para que ela diga algo sobre outra pessoa. Nós fazemos julgamentos sobre sua vida, suas experiências, seus valores, sua bondade, tudo baseado nisso. Todas essas coisas parecem acontecer muito rapidamente em nossas mentes; na maioria das vezes, eu não acho que somos conscientes disso. Com Corium, queria desafiar isso um pouco. Para fazer da pele uma contadora de histórias, para passar o tempo apenas vendo o poder que ela tem, admirando, e não a usando para criar um julgamento sobre uma outra pessoa.
A artista está em busca de brasileiras de todas as idades e tipos de corpo, e convida as leitoras do FTC a participarem do Corium. Se interessou? Fale com ela por aqui.
No Facebook: Corium Brasil – projeto de fotografia.