Despretensioso, despido de regras e preconceitos. Conheça o ‘Na Pele’, projeto que traz fotografias sensuais de pessoas reais tatuadas.
Sensual sem ser vulgar. O fotógrafo Felipe Lorega captura não só corpos desenhados, mas a alma que brilha através de cada um. Em seu Projeto Na Pele, a artificialidade se esconde pelas sombras. Cada pessoa é registrada com profundidade e sua beleza natural, refletindo subjetividades de uma maneira sensível, forte e sincera.
Não há tabus, preconceitos ou padrões estéticos. Se você, ao olhar atentamente estes registros e sentir algum vestígio de retoque, será o incômodo das suas próprias ideias sendo chacoalhadas. São peles coloridas, únicas e naturais.
É um alívio poder ver formas, cores e contornos reais, sem a plasticidade cansativa das revistas de beleza, vendidas como ideais de uma perfeição inalcançável. Aliás, o que significa ser perfeito? Não seria ter a liberdade de ser o que se é?
Somos perfeitamente imperfeitos, e esta é uma das maiores belezas que podemos carregar ao longo da vida: a transmissão de confiança e alegria através de sorrisos espontâneos, olhares descuidados e uma dose irresistível de amor próprio.
Com bom humor e irreverência, Felipe concedeu uma entrevista exclusiva ao FTC. Confira!
FTC: Felipe, poderia nos contar, com as suas palavras, um pouco sobre você e como chegou à fotografia?
Difícil falar sobre mim mesmo. Sou um cara tranquilo, prezo muito pelo pelo bom humor, por isso sempre que posso, estou fazendo brincadeiras ou enchendo o saco dos amigos (as) com qualquer besteira.
Sobre sonhos, tenho vários, mas acho que estou vivendo um agora: trabalhar só com fotografia. É uma coisa que sempre fui apaixonado, desde a faculdade, onde tive o meu primeiro contato. Cheguei até a trabalhar lá, como estagiário. Mas a minha formação de Publicitário acabou ficando em primeiro lugar sempre, e sempre fui levando a fotografia ali, em segundo plano. Até que no início de 2016, decidi focar só nela e assim espero que seja para sempre.
FTC: Qual a proposta do Projeto Na Pele?
A proposta do projeto é basicamente retratar pessoas tatuadas de uma forma sensual, tentando quebrar paradigmas tão ultrapassados, como os de que tatuagem é coisa de “marginal”, ou que para ser sensual tem que ter um corpo perfeito e saber fazer carão.
Quero mostrar pessoas reais, com corpos reais e fazer com que qualquer pessoa possa se ver nas minhas fotos e que queira fazer parte disso.
FTC: Há quanto tempo se dedica ao projeto e como ele surgiu?
O projeto já estava na minha cabeça há um bom tempo, e comecei fazendo com minha mulher, em casa mesmo, por querer testar uma nova fotografia, até porque eu nunca tinha feito nenhum trabalho sensual. Mas só mostrei publicamente em fevereiro de 2016, ou seja, é um projeto ainda novo, tem muito o que crescer.
Mas já tem me dado alegrias demais, receber os feedbacks que recebo tem me feito pensar muito, e também me mostrou a responsabilidade que esse projeto possui e o bem que ele tem feito para as pessoas que participam, e a mim também.
FTC: Qual a relação entre as tatuagens e o projeto?
O principal objetivo é a quebra desse paradigma que a sociedade impõe sobre a gente. É mostrar que tatuagem não é mais essa coisa de outro mundo, que pessoas de bem merecem sim um emprego, seja lá em qual for a empresa e não tem nada demais nisso. O mesmo com o sensual, não é porque você não tem aquele corpo que a “mídia” diz pra você ter, que você não é bonita (o).
FTC: Durante seu processo criativo, existe alguma singularidade ao fotografar cada modelo?
Na verdade, cada ensaio é único, porque não existe uma pessoa igual a outra. Eu não chego no dia das fotos com poses prontas, vou fazendo de acordo com o que a pessoa me entrega naquele momento. Tento sugar o máximo dela, fazendo com que ela me mostre quem realmente é, e não um personagem que ela queria interpretar ali, isso não me interessa muito.
FTC: Existe algum critério ao escolher as pessoas e os locais fotografados?
Não, não existe critério nenhum na escolha de modelos, fotografo qualquer pessoa que me procurar, seja homem, mulher, não importa, quero fotografar pessoas. Em relação aos locais, eu gosto de fotografar na casa de quem está sendo fotografado, ou em algum lugar onde ela se sinta à vontade.
Acho que tudo flui melhor, mais leve. Afinal de contas, é uma intimidade e, estando em casa, não tem nada estranho ali para ela, então pode-se fazer o que bem entender sem se preocupar com nada.
FTC: Como consegue capturar a subjetividade de cada um?
Primeiro, sempre marco uma reunião antes do dia das fotos, para que ela já saiba quem eu sou e eu consiga conhecer um pouquinho mais dessa pessoa. Eu trabalho de uma maneira muito solta, tento deixar tudo muito leve, brinco o máximo que eu posso, faço poses para ajudar, enfim, deixo o clima o mais agradável possível, mas sempre mantendo o respeito, o que eu acho muito importante.
Sou muito observador, então reparo bem em como as pessoas agem, e isso me ajuda um pouco a tentar extrair o melhor daquela pessoa. Tanto que sempre digo, não importa se você é tímida, risonha ou séria, se no dia todos estiverem afim de curtir aquele momento, é certeza que vamos ter fotos lindas sem muito esforço.
FTC: O que é arte para você e como descreveria sua arte?
Para mim, arte é uma forma de expressar algum tipo de sentimento, algo um tanto quanto inexplicável até. Mas acho que é a forma que cada um encontra de demonstrar o que pensa. É uma doideira sem tamanho (rs), mas a minha arte, eu uso para mostrar sentimentos, e tento passar toda aquela energia do momento com um simples olhar.
FTC: Com o que você se inspira?
O que me inspira mesmo são as pessoas. Adoro conhecer gente nova, cada uma com sua particularidade. Acho que isso é o que mais me fascina no projeto, é lidar com pessoas de todos os tipos e pensamentos. Isso tem me feito crescer muito e tem me ajudado bastante a entender melhor a cabeça das pessoas.
FTC: Além do ‘Na Pele’, está desenvolvendo algum projeto paralelo atualmente?
Na verdade, o projeto é o meu projeto paralelo, tenho uma empresa de fotografia de casamentos; É, eu sei que não tem nada a ver, mas o projeto é o meu respiro, é onde eu posso arriscar sem correr riscos (sacou?).
FTC: 5 coisas que não consegue viver sem.
Minha família, minha mulher, meus amigos, uma câmera e uma boa cerveja gelada.
FTC: Uma frase importante na sua vida.
Tem uma frase que vi por acaso, num pôster pela internet, que dizia:“Only do what your heart tells you”. Imprimi na hora e colei na parede de casa, logo mais vai virar uma tatuagem.
Acompanhe o trabalho de Felipe Lorega em seu site, pelo perfil do Instagram ou página do Facebook.
Bateu uma vontade de fazer parte do Projeto Na Pele? Entre em contato com ele por e-mail (projetonapele@gmail.com).