Projeto Viravolta inspira volta ao mundo e transformação pessoal através da viagem
Quem gosta de viajar com certeza já pensou em dar a volta ao mundo. Mas, e o dinheiro? As responsabilidades? Largar tudo para viajar por tanto tempo ainda é muito assustador para a maioria das pessoas. Você não tem coragem? Acha que é muito caro? Acha que não é para você?
Carol Fernandes passou por cima de tudo isso e decidiu passar 2 anos viajando pelo mundo com seu marido Alexis. Quando voltaram, eles decidiram abrir os olhos das pessoas para viver essa experiência. Foi aí que surgiu o Projeto Viravolta, que fala sobre transformação pessoal através de viagem longo prazo.
Uma volta pelo mundo, uma virada na vida. A faísca que faltava pra te tirar da zona de conforto e fazer você mexer a sua bunda para realizar esse sonho. Conversamos com Carol para saber um pouco mais sobre suas inspirações:
FTC: Carol, conte um pouco sobre você.
Eu sempre fui uma virginiana certinha, organizada e planejada. Mas aos 17 anos eu olhava pra minha vida e achava ela muito chata. E foi a partir daí que começou a surgir em mim uma vontade de deixar de ser assim. Queria histórias interessantes para contar pro resto da minha vida, para os meus filhos e para o meus netos. Então decidi que viajar era uma coisa que podia me trazer muitas experiências diferentes. Depois que eu me formei, trabalhava só pra viajar. Enquanto amigos compravam carro, casa, eu gastava tudo em viagens. E assim começou minha longa história.
Era uma aluna exemplar, tive bolsa na faculdade. Me formei em Marketing e logo após, passei em um programa de trainee em uma multinacional. Durante 7 anos nessa empresa, consegui construir uma ótima carreira, onde eu cresci rápido, aprendi muito, fui expatriada e alcancei uma independência financeira que me dava conforto e me permitia fazer tudo o que queria.
Mas depois de ter vivido essa experiência pelo mundo, aquele meu estilo de vida de antes parecia não fazer mais sentido pra mim. Eu agradeço tudo o que eu conquistei, até porque se eu não tivesse passado por isso não saberia agora que ele não serve pra mim, mas sinto que eu vivia daquela forma porque todo mundo na nossa sociedade faz assim e não porque era a vida que eu realmente queria pra mim.
Agora vou atrás dos meus sonhos. Vou fazer coisas que me fazem mais feliz e que eu acredito de verdade. Não quero mais fazer o que me dá mais dinheiro, quero fazer algo que me permita viver o estilo de vida que eu quero de verdade. Decidi ser independente, ser mais livre, não ter mais chefe. Sai de um formato padrão da sociedade que oferece estabilidade financeira e mais “segurança” para um formato bem mais flexível e incerto. Ainda estou aprendendo a lidar com isso, mas me sinto muito mais excitada com a vida.
FTC: Como foi essa atitude de dizer “chega”, eu vou tirar um ano sabático?
Na época da decisão, apesar de tudo o que eu já tinha conquistado e do meu conforto financeiro, eu me sentia infeliz. Trabalhava 12 horas por dia, não tinha tempo pra mim, me alimentava mal, tinha problemas de saúde e me sentia super estressada. Sempre me senti um peixe fora d’água no mundo corporativo, pois o ambiente nunca me agradou muito e as pessoas de lá não me inspiravam.
Existe uma ganância para crescer, ganhar mais e mostrar como eles são bem sucedidos através dos seus bens materiais. Mas eu nunca liguei pra isso. Quanto mais eu crescia, mais forte ficava essa sensação e um dia eu me fiz uma simples pergunta: “O que vai ser da minha vida se eu continuar aqui, nesse mesmo caminho?”. A minha visão foi devastadora. Eu cresceria mais e ganharia mais dinheiro, mas o meu estilo de vida continuaria ruim e eu ficaria cada vez mais infeliz e estressada.
Naquele dia, uma bomba explodiu na minha cabeça e eu percebi que estava no caminho errado. Foi aí que eu disse “chega”. Só eu mesma poderia fazer algo para mudar aquela realidade mas nem sabia por onde começar. Me sentia completamente perdida. E foi bem nesse momento que veio a ideia de viajar o mundo, quando eu descobri que era mais barato que comprar um carro. Aquela informação mudou o rumo da minha vida e eu acreditava que viver essa experiência poderia abrir minha mente para encontrar novos caminhos. Acertei em cheio. Foi a melhor coisa que eu fiz na minha vida.
FTC: Como surgiu a ideia do Projeto Viravolta?
Quando eu fui viajar, eu sai com muitas perguntas na minha cabeça como: Qual o meu papel no mundo? Por que eu estou aqui? Como eu posso contribuir para fazer um mundo melhor? Viajar o mundo foi uma experiência extremamente transformadora pra mim. Me fez ver as coisas de uma nova perspectiva e abriu meus olhos para infinitas oportunidades que eu não enxergava antes.
Viajar o mundo deixa as pessoas mais conscientes e essa consciência nos torna seres humanos melhores. Eu queria que todos pudessem sentir na pele essa sensação maravilhosa e por isso decidi falar sobre isso. Entendi que a ideia é rodeada de paradigmas na cabeça dos brasileiros e por isso eles acham que é impossível.
O Projeto ViraVolta é um canal que pretende disseminar o conceito de viagem longo prazo pelo mundo como ferramenta transformadora, através de textos inspiradores e com o compartilhamento de todas as dicas para ajudar a pessoa a realizar esse sonho. A cada pessoa que vive isso e que consigo transformar, me faz sentir um ser humano melhor.
FTC: Viajar significava o que para você antes e o que significa hoje?
Antes eu era uma viajante superficial. Eu sempre curti ver o diferente, mas fazia muito programa de turista, só queria ver coisas bonitas e modernas, comprava um monte de tralhas, queria ir nos restaurantes cool e sempre buscava destinos muito urbanos, pois achava que era mais o meu estilo. Só ia pra Europa. Acho que levava a minha bolha daqui pra onde eu ia. Aprendia coisas novas, mas de forma limitada.
Agora viajar tem um relação direta com experimentação. Eu quero poder experimentar cada lugar, sua cultura, sua culinária, interagindo ao máximo com as pessoas de lá. Quero experiências verdadeiras que vão me afetar de forma mais profunda. Meu olhar ficou mais aguçado e o prazer de descobrir está em cada esquina. Tentar viver o lugar e observar o dia-a-dia pode ser uma das atividades mais legais pra se fazer. Agora viajo para descobrir e aprender sempre alguma coisa nova.
FTC: Qual a experiência mais legal que você viveu durante esse tempo todo?
Fica difícil dizer apenas uma experiência. Vivi tantas coisas diferentes nesses 2 anos que tinha uma incrível sensação de estar vivendo 10 vidas em uma. Essa foi uma das coisas mais excitantes que eu já experimentei na vida e meu cérebro nunca ficou tão ativo e cheio de estímulos. Mas se eu tivesse que escolher uma eu diria que foi viajar barato.
Eu nunca tinha de fato viajado tão barato e pra mim foi um desafio. Afinal, viajar barato é uma arte. Viajar dessa forma trazia constantes desafios, me fazia viver coisas totalmente inesperadas, me trouxe aprendizados que eu nem esperava e me fez redescobrir muito de mim mesma, além de proporcionar um contato muito mais forte com a cultura local. Viajar barato fez toda a diferença pra tudo o que eu aprendi e absorvi nessa aventura maravilhosa.
FTC: Se pudesse escolher um destino para voltar agora, qual seria e por que?
Certamente o Laos. O país é pouco conhecido pelos brasileiros, mas sempre me questionei o porque, pois é simplesmente sensacional. Não espere arranha-céus, megalópole, modernidade. A beleza desse lugar está na sua simplicidade genuína, além das suas belezas naturais deslumbrantes, uma cultura exótica e convidativa, um povo simpático e humilde, uma culinária excepcional e uma energia indescritível.
É difícil explicar em palavras, mas tem um algo naquele país que te faz sorrir, que te deixa tranquilo e sereno, que te deixa feliz. Me sentia tão bem lá que quase não quis mais partir.
FTC: 1 filme que define um pouco de você.
O Fabuloso Destino de Amelie Poulain.
FTC: Com o que você se inspira?
Histórias de pessoas que realizam coisas fora do padrão. O novo e o diferente me excitam. A possibilidade de aprender e viver coisas novas são como um combustível pra minha alma.
FTC: Uma frase que você carrega para a vida?
Da vida a gente só leva a vida que a gente leva.
FTC: Quais os maiores aprendizados dessa experiência?
-Aprendi que o menos é mais e que esse conceito deixa a vida muito mais prática. Ficou mais fácil viver e ser feliz com ele.
-Entendi que existem muito mais pessoas boas que ruins, que o mundo é muito mais seguro do que pensamos e que todas os julgamentos que fazemos dos outros países estão errados.
-A nossa vida é rodeada de paradigmas e para quebrar eles, é preciso experimentar.
-Reaprendi a valorizar as pequenas coisas e momentos da vida.
-Aprendi a amar e a valorizar muito mais a natureza.
-Respeitar mais as diferenças e a valorizar o que elas têm de bom.
-A importância da alimentação e da atividade física para o meu bem estar.
-Aprendi a levar uma vida mais leve, a ser menos estressada e a entender que nem tudo está sob nosso controle.
-Valorizo mais o meu tempo e a minha liberdade do que o dinheiro.
-Aprendi a lutar pelo vida que eu quero de verdade e a não deixar mais a vida me viver.
-Tudo é possível, o mundo está cheio de oportunidades, não existe apenas um caminho e precisamos acreditar mais em nós mesmos.
-Aprendi a ter mais coragem para enfrentar os desafios.
-Entendi que a minha vida podia ser uma eterna aventura e isso só dependia de mim.
Resumo da viagem: “Fizemos uma volta e meia no mundo em 2 anos de viagem. Foram 44 países e 286 cidades visitadas e cerca de 190 mil quilômetros rodados. Começamos pela América do Norte, depois Ásia, África, Europa, Oriente Médio, América do Sul, América Central e Europa outra vez.
Na bagagem adicionei centenas de histórias, casei duas vezes com o amor da minha vida (em Vegas e no Brasil), meu cabelo e minha pele ficaram mais bonitos, nunca fiquei tão bem de saúde, meu bronzeado ficou maravilhoso, nunca sorri por tantos dias seguidos como na viagem.
Peguei 5 meses só de sol e sem nenhuma gota de chuva, tive tempo pra pensar por horas seguidas e pra ficar de pernas pro ar sempre que eu queria, não sabia mais qual era o dia da semana, senti o verdadeiro gostinho da liberdade, provei os sabores de todos os lugares, fiz coisas que eu nunca achei que faria, tive contato intenso todos os dias com o meu marido e a cada dia o amava mais.
Descobri novos prazeres pra minha vida, aprendi coisas novas quase todos os dias, fiz amigos por todos os cantos do mundo e levo comigo memórias que me fazem sorrir e sonhar até hoje.”
Projeto Viravolta no Facebook: /projetoviravolta. No YouTube: /projetoviravolta. A volta ao mundo: Kiki Around the World.