Os retratos feitos pela artista americana Cayce Zavaglia parecem levar diversas pinceladas de tinta mas são incrivelmente produzidos apenas com linhas e agulhas. As peças bordadas da artista são feitas com muita precisão e riqueza de detalhes.
Cayce se considera uma pintora – sua formação é na área de desenho – mas nos últimos doze anos ela utiliza as agulhas como principal instrumento de produção – em especial com essa série de retratos que são verdadeiras obras de arte do bordado. Amigos, familiares e colegas artistas são as pessoas retratadas em seu trabalho.
Ela afirma que seus estudos iniciais em outras técnicas deram a ela ferramentas para utilizar cores e formas, e traduzi-las através das linhas. A artista é autodidata na arte de bordar, e tem a mãe como inspiração – que foi quem a ensinou os princípios básicos de ponto cruz.
“Ao longo dos anos, tenho desenvolvido uma técnica de costura que me permite misturar cores e criar tonalidades que lembram as técnicas utilizadas na pintura a óleo clássica. A direção em que os fios são costurados imita a forma das marcas do pincel em camadas dentro de um quadro. Isso, por sua vez, permite a alusão de profundidade, volume e forma. Minha metodologia de costura faz fronteira com o obsessivo, mas me permite evocar visualmente interpretações pictóricas de pele, cabelo e tecido”, afirma a artista em seu site.
Alguns dos trabalhos são feitos com lã mais grossa, enquanto outros têm nível de detalhamento superior, com fios mais finos, como de algodão, seda e lã fina.
Alguns anos atrás, Cayce “descobriu” a parte de trás do seu trabalho – um mundo caótico de linhas que é formado enquanto ela cria o retrato. O verso de suas obras foi tema de uma exposição realizada no ano passado em Nova York, na Lyons Wier Gallery, que reconhece a beleza desses belos “acidentes”, verdadeiras metáforas da parte desorganizada por trás das aparências.
Algumas das telas ficavam no meio da sala de exposição para que os visitantes pudessem ver a frente e o verso.
Cayce ficou tão intrigada com o lado reverso invisível de seus retratos, que decidiu inverter a lógica de seu trabalho: ao invés de usar linhas para imitar pintura, criou pinturas que imitam o verso de suas obras feitas de fios.
A exposição contou com um pequeno número de pinturas feitas em guache (acima), e em acrílico (abaixo). O resultado final não poderia ser mais interessante!
Conheça outros trabalhos no site oficial e no Instagram da artista.
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