Pigmentos Rosa Millenial encontrados em rochas de 1,1 bilhão de anos abaixo do deserto do Saara lançam luz sobre o ‘grande quebra-cabeça’ do início da vida.
Cerca de 10 anos atrás, uma companhia de petróleo encontrou uma rocha de xisto betuminoso enquanto perfurava várias centenas de metros abaixo das areias do deserto do Saara. A empresa enviou a rocha para a Universidade Nacional Australiana (ANU), que datou de 1,1 bilhões de anos.
Com a ajuda da Geoscience Austrália e uma equipe de cientistas dos EUA e do Japão, a escola de pesquisa em ciências da terra da universidade começou a transformar a rocha em pó, quando a estudante Ph.D. Nur Gueneli fez uma grande descoberta.
A gerente de laboratório de biogeoquímica, Janet Hope, da escola de pesquisa de ciências da terra da ANU, possui um frasco de porfirinas coloridas (líquido de cor rosa), que acredita serem alguns dos pigmentos mais antigos do mundo. Foto: Lannon Harley / Universidade Nacional Australiana.
“Eu lembro que ouvi um grito no laboratório”, disse o professor Jochen Brocks ao The Guardian. “[Gueneli] veio correndo para o meu escritório e disse: ‘olhe para isto’, e ela tinha um material rosa brilhante.” O material brilhante que Gueneli segurava era o que acredita-se ser a cor mais antiga do mundo – um rosa brilhante de 1,1 bilhão de anos.
ROSA MILLENIAL – A COR BIOLÓGICA MAIS ANTIGA DO MUNDO
“É claro que você pode dizer que tudo tem alguma cor”, disse o pesquisador-chefe sênior, professor Jochen Brocks, da Universidade Nacional da Austrália. “O que encontramos é a cor biológica mais antiga”.
“Os pigmentos rosa brilhantes são os fósseis moleculares da clorofila que foram produzidos por antigos organismos fotossintéticos que habitam um oceano antigo que desapareceu há muito tempo”, completa Nur Guenele.
Pigmento Rosa millenial. Imagem: triocean/Shutterstock
Embora a descoberta possa ser excitante para os millennials obcecados com a tonalidade rosada e clara, ela também forneceu aos cientistas uma solução para o “grande enigma da vida”: por que criaturas complexas emergiram tão tarde na história da Terra? A estrutura da minúscula molécula rosa contém a resposta – um grupo de cianobactérias.
De acordo com Brocks, as cianobactérias são tão pequenas que nunca teriam sido suficientes fontes de alimento para criaturas maiores. Então, as algas começaram a substituir as cianobactérias há cerca de 600 milhões de anos para que as criaturas mais complexas fossem capazes de evoluir.
Quando perguntado como se sentiu ao descobrir a cor e o pigmento mais antigo do mundo, Brocks disse que sua reação inicial foi de choque. “Fiquei impressionado com o fato de essas moléculas poderem sobreviver ali por tanto tempo. O que eu não sabia era que essas moléculas também poderiam resolver uma grande questão científica”.
Via: Artsy/The Guardian