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Roxinha Lisboa: alagoana transforma o que vê em arte popular

Natural de Lagoa de Pedra, Pão de Açúcar (AL), Dona Maria José, mais conhecida como Roxinha, começou a produzir sua arte aos 59 anos, depois dos sete filhos terem crescido e se mudado para o Sudeste. Antes de começar a desenhar, no que chamou de “brincadeira” entre ela e o marido, trabalhou no cultivo de macaxeira, feijão e milho, “quebrou brita” e foi gari por quase duas décadas.

“Quando eu era mais nova, só sofria trabalhando pesado. Primeiro foi a roça, depois varrendo rua e depois quebrando pedra para fazer paralelepípedo. As pedras que eu quebrava, agora eu pinto”, conta, orgulhosa.

Populares, as obras de Roxinha são marcadas pelas referências às novelas e histórias de amor. Sua casa, ou melhor seu ateliê, virou parada obrigatória no Sertão de Alagoas. O local reúne os desenhos feitos por Roxinha, que com muita criatividade representam a simplicidade do dia a dia da vida sertaneja.

Paredes, pedras e outros objetos ganham vida com a pintura de Roxinha. Na imagem, acrílica em madeira (Museu do Pontal),

As pinturas de Roxinha

Tudo começou quando a filha de Roxinha, que desenha muito bem, saiu de casa para trabalhar em outra região. Domingos, marido de Roxinha, sugeriu que a esposa começasse a desenhar para matar a saudade da filha.

“Eu comecei a desenhar com ele. Sem saber nada, a gente só riscava. Comecei a melhorar e ele disse: ‘Se você quiser, continue, que você sabe desenhar'”.

Hoje, a arte de Roxinha preenche galerias e participam de exposições em todo o Brasil. Ela também já deu oficinas sobre o modo de produção de suas obras.

Seus traços, cores e diálogos são inspirados em cenas que ficaram guardadas na memória. Há, por exemplo, uma obra que retrata a novela infanto-juvenil Malhação. Outra, sobre um casamento que aconteceu em O Cravo e a Rosa, pintada sobre o que sobrou de um televisor antigo de tubo, segundo entrevista da Agência Brasil.

Os episódios românticos e bem-humorados, momentos do cotidiano da família e do povoado também estão retratados nas obras de Roxinha.

Liberdade para criar

Se ela achava que a atividade de pintar era uma brincadeira, hoje, aos 68 anos, tem consciência de que é uma artista.

Seu trabalho é encantador justamente por ela fazer sua arte com liberdade. Um tipo de liberdade que a gente não é capaz de traduzir inteiramente. Seu universo mágico chama a atenção pela paleta de cores, o tipo de ilustração e a espontaneidade dos desenhos. É pura arte popular brasileira!

Para mais, acompanhe o dia a dia de Roxinha em seu Instagram. Adquira suas obras em lojas como Azú e Midlej Galeria.