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Shoplifter: islandesa cria instalações difusas e coloridas com tufos de cabelos

Alegria, vaidade e inocência – essas são algumas das coisas que Hrafnhildur Arnardóttir / Shoplifter quer transmitir com sua arte

Hrafnhildur Arnardóttir, mais conhecida como Shoplifter, é uma artista irlandesa conhecida pelas instalações, esculturas e murais coloridos imersivos inteiramente feitos com cabelos coloridos.

A artista, que se mudou em 1994 para Nova York, apresenta paisagens hipnotizantes em ambientes que abraçam o espectador como uma floresta fictícia. Trançados, moldados, escovados e até derretidos, os cabelos, reais e sintéticos, são colocados em camadas para criar obras de arte dinâmicas que irradiam energia.

Suas instalações convidam o visitante a entrar e tomar “espaço” dentro delas, permitindo ser emocionalmente afetado pelas suas cores terapêuticas.

Em 2004, Shoplifter colaborou com a música Björk e criou uma máscara capilar para a capa de seu álbum Medúlla. Ela também já projetou um Wallpaper personalizado para a Nike, fez uma colaboração com vários designers para criar roupas únicas, e muitos outros projetos

CONEXÃO COM CABELOS

Real ou sintético, o cabelo é a marca registrada de Hrafnhildur Arnardóttir. Usá-lo foi sua maneira de derrubar seus próprios preconceitos sobre o que é “nobre” e o que não é, fazendo-o parecer glorioso.

Seu fascínio pelo material começou quando criança ao ver sua avó armazenar uma de suas tranças cortadas em uma gaveta. Mais tarde, para ela, tornou-se uma maneira de explorar o que é bonito, reconfortante, mas que também pode despertar um certo asco.

A artista vê o cabelo associado à moda, auto-expressão e vaidade. Para a arte, o cabelo evoca sentimentos mistos: uma obra de arte peluda pode ser atraente e repulsiva ao mesmo tempo.

Shoplifter comenta que em suas criações tenta trazer reconhecimento e conexão íntima e emocional que as pessoas têm com os seus cabelos. Muitas vezes, é ele que molda nossa identidade, marcando fases de nossas vidas e memória. E que, sem vaidade, “o mundo não é tão bonito”.

“Acho fascinante que tenhamos essa ‘vegetação’ em constante mudança em nosso corpo que temos que domar”

“NUNCA CONHECI UMA COR QUE NÃO GOSTASSE”

A islandesa ainda descreve a alegria de misturar cores e o equilíbrio entre o sintético e o natural. E observa: “Eu nunca encontrei uma cor que eu não gostasse.” Enquanto muitos artistas misturam cores para criar pinturas de paisagens, Shoplifter imagina abstrações da chamada hipernatureza. “Não estou competindo com a natureza, exagero e crio essa abstração que se assemelha a ela. Não é para ser literal.

Em Nervescape, tufos vibrantes de cabelo são usados para criar um ambiente que abraça os visitantes

EXPO NO MUSEU KIASMA, HELSINKI

Em 2019, Shoplifer tomou conta das galerias do 5º andar do Museu Kiasma em Helsinki, na Finlândia. Com a exibição Nervescape VIII, o espaço trazia sua arte colorida, onde visitantes eram convidados a esquecerem o mundo externo por um momento e simplesmente sentar e desfrutar daquele cenário.

A série Neverscape é inspirada pelo interesse do artista em neurociência e pesquisa cerebral. Os fios de cabelo parecem semelhantes às células nervosas em sua estrutura orgânica, e Shoplifter queria que sua obra trouxesse também um impacto direto em nossas sinapses. Ela acredita que, quando somos expostos a cores vibrantes, isso desencadeia uma revelação de serotonina no cérebro.

Ela reconhece a conexão íntima e emocional que as pessoas têm com o cabelo

O público poderia aqui participar. O intuito era relaxar, passar a mão nos tufos, deitar e observá-los, compartilhar suas experiências ou simplesmente tirar as teias de aranha de sua rotina diária. O sentimento realmente foi de alegria, calma e vibração.

Shoplifter quer inspirar bons sentimentos com suas exposições, pois ela argumenta que uma das coisas mais poderosas sobre a arte é certamente sua capacidade de “fazer as pessoas felizes”. Neste caso, ela acertou 100%.

Visita à exposição da artista no Museu Kiaska em Helsinki, Finlândia, 2019

HRAFNHILDUR ARNARDÓTTIR, A SHOPLIFTER

Hrafnhildur Arnardóttir, conhecida como Shoplifter nasceu em 1969 em Reykjavik na Islândia. Ela já expôs suas obras nacionalmente em Reykjavik e internacionalmente em Houston, Brisbane, Nova York, Estocolmo, Veneza e Londres.

Ela adotou o apelido “Shoplifter”, uma das muitas versões mal ouvidas de seu nome, porque seu nome em islandês provou ser muito difícil para estrangeiros pronunciarem.

Sua arte habita as fronteiras entre moda, artesanato tradicional e design.

Para saber mais: acesse seu site e acompanhe seu trabalho no Instagram.

Todas as imagens: Carol Moré, do FTCMag.

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