FTCMag Art Attack Simone Saunders chama a atenção para questões raciais através de suas tapeçarias manuais multicoloridas
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Simone Saunders chama a atenção para questões raciais através de suas tapeçarias manuais multicoloridas

Simone Saunders ganhou destaque por suas tapeçarias multicoloridas feitas manualmente e que chamam atenção para a luta racial. Através de seu trabalho ela desenvolve narrativas que tem origem na sua herança cultural, na História e em suas vivências pessoais.

Com descendência jamaicana e europeia, a artista vive e trabalha atualmente na província de Alberta, no Canadá. Ela concluiu sua graduação este ano como Bacharel em Belas Artes com ênfase em têxteis na Universidade de Artes de Alberta.

Mas antes disso ela já se dedicou a outras atividades. Segundo o Calgary Herald sua primeira paixão foi o teatro, o que a levou a atuar como cenógrafa e designer de interiores. Mas quando ela entrou na Universidade de Alberta, em 2016, sua prática evoluiu para técnicas têxteis e Simone passou a investir na carreira artística.

“As tapeçarias se direcionam na busca por pertencimento: Estudar o corpo feminino negro, identidades pessoais e uma conexão com a história negra, ela diz. A artiosta ainda reforça o aspecto político na produção artesanal das tapeçarias como herança da cultura negra: “Há uma conexão direta com meus ancestrais através da tecelagem e das fibras, conclui.

A técnica utilizada em suas peças se chama “punch needle”. Ela consiste em utilizar uma agulha manual para fixar o fio no tecido sem precisar dar nós. Simone também utiliza a técnica de “hand tufting”, que usa uma pistola mecânica na fixação das fibras.

RETRATOS EM TAPEÇARIA

A canadense é uma das integrantes convidadas do Social Distancing Festival, uma plataforma online criada em abril de 2020 para promover o trabalho de artistas do mundo todo que foram afetados profissionalmente pelo distanciamento social causado pela pandemia de Covid-19.

O projeto propôs unir duplas para criar projetos colaborativos à distância, e foi daí que surgiram os retratos coloridos de Saunders. Sua dupla foi Tekikki Walker, uma artista de Chicago, residente em Cleveland, nos Estados Unidos, que também compartilha questões raciais como área de interesse em suas colagens digitais surrealistas.

“A nossa principal conexão é o fato de nós duas sermos mulheres negras, diz Simone. “Dentro do nosso trabalho, há um senso de justiça social. A vontade de pesquisar nossa história nos conectava, conclui.

Cada uma produziu dentro de sua linguagem artística obras que tratassem sobre opressão e racismo sistêmicos. O ponto em comum para a criação dos trabalhos foi o uso de máscara por pessoas negras, sobretudo homens, durante a pandemia de Covid-19.

“O que se destina à proteção também pode fazer com que a pessoa se sinta presa, diz Tekikki. “Essa não é uma experiência nova para muitos negros nos Estados Unidos. Muitas vezes somos ensinados a nos encolher, alterar nossas aparências e monitorar nossos comportamentos para se encaixar no resto da sociedade que se beneficia da normalidade de seus privilégios, afirma.

A intenção de falar sobre as máscaras surgiu a partir de uma entrevista concedida pelo consultor de marketing americano Kip Diggs ao Washington Post. Nela ele relata que não teme apenas o vírus, mas também tem medo de sofrer ataques da polícia por estar com parte do rosto coberto. Como tática de proteção ele usa somente máscaras nas cores rosa, azul e verde limão para “não parecer ameaçador“. Esse comentário inspirou a dupla a usar essas cores em suas peças.

E o resultado da parceria foram oito obras, quatro de cada artista. O título do projeto é “This Ain’t No Video Game, We Want Outta This Circus”. Simone Saunders revelou à Colossal que as figuras representadas em suas tapeçarias são simbólicas: “Crio retratos coloridos de negros que são líderes em suas respectivas disciplinas: Artes, música, esportes, advocacia. É importante levar a mensagem adiante e fazer com que o legado se mova por diferentes canais, como meus tecidos, ela diz.

Já as contribuições de Tekikki são descritas por ela como arte digital surreal. São colagens com teor político e cinematográfico, trazendo imagens da História americana e africana, da cultura pop e da publicidade.

Por enquanto, devido à pandemia, os trabalhos estão sendo todos exibidos digitalmente. Mas Saunders diz que gostaria de posteriormente expor todas peças do projeto fisicamente. E que está empolgada com a possibilidade de criar outros projetos com Tekikki no futuro.

Acompanhe o trabalho da artista Simone Saunders através do seu perfil no instagram.

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