Se depender de seu criador, os chamados Bichos da Praia (Strandbeests) serão mais do que uma visão de algo do futuro
Você vai se encantar pelas criaturas de Theo Jansen. Há quase 30 anos o artista holandês trabalha com materiais diferentes, dando vida às coisas mais diferentes que saem de sua imaginação. Olhando de longe, parecem robôs automatizados, mas são exatamente o oposto disso.
Ao se moverem, fazem um som diferente, como o sopro de uma ventania em um bambuzal, ou o farfalhar de muitas folhas. É meio perturbador ver essas criaturas se movendo, como verdadeiros seres vivos. Seu único combustível é o vento, já que velas gigantes controlam as estruturas, o que possibilita que andem sozinhas, sem nenhuma fonte elétrica.
Para dar vida às suas esculturas cinéticas, Theo utiliza tubos de plástico que são os mesmos usados para envolver a fiação elétrica na Holanda. Tais tubos rígidos são trabalhos pelo artista para criar juntas, vértebras, pernas e braços de seus seres independentes. Os Strandbeests, “Bichos da Praia”, em holandês, são todos batizados com nomes em latim, como animaris ordis, animaris bruchus e animaris omnia.
OS BICHOS DA PRAIA
O nome Bichos da Praia não é à toa. O criador tem o sonho de um dia poder soltar todas as suas criaturas em uma praia em Scheveningen, no litoral da Holanda, conhecida pelo nome de Praia do Silêncio. Este é um lugar afetivo para Theo, onde ele passou grande parte de sua infância. Hoje, os bichos fazem a alegria de crianças durante as férias, por um determinado período de tempo, quando Theo os coloca para andar.
A beleza de seu trabalho está na pura mecânica. Ele, físico de formação, já trabalhou em diversos projetos, ajudando até mesmo a NASA em 2016 a desenvolver um robô para caminhar no planeta Vênus.
DO QUE SÃO FEITOS OS STRANDBEESTS?
Desde quando começou a projetar essas engenhocas, Theo já conquistou muitos avanços. Antes, elas eram mais pesadas e precisavam ser puxadas ou empurradas por mãos humanas. As de hoje, ao contrário, são feitas de material mais leve e são totalmente autônomas. Aliás, são até capazes de armazenar vento.
Com garrafas PET acopladas aos tubos de plástico, onde Theo diz que fica o “estômago” dos seus “animais”, é possível criar uma reserva de energia para ser usada em condições de pouco vento. Com esse mecanismo, as criaturas podem andar despreocupadas, pois nunca ficarão sem combustível.
O objetivo de Theo é que seus bichos da praia possam “sobreviver” sem a sua ajuda. Ele, que se diz viciado nesse tipo de material com o qual trabalha, enxerga suas criações como seres com vida, que conseguem caminhar sozinhos e até mesmo desviar de obstáculos perigosos para eles, como a água.
Isso é possível graças a um tubo que suga ar enquanto a estrutura se move pela areia. A partir do momento que ela chega na água, o tubo encontra resistência ao sugar o líquido e faz com que a estrutura mude sua direção, voltando a caminhar pela areia.
Será que um dias os Strandbeests serão vistos como algo comum em nosso mundo, apenas andando por aí? Não sabemos ainda, mas não podemos negar que são de fato fascinantes.
Saiba mais pelo site de Theo Jansen.