Brunella Simões tem 29 anos e há 8 tatua em Vitória/ES. Como de se definir, é uma gypsy tattooer: não quer limitar seu trabalho a um espaço físico e sim pra onde ele for apreciado. Sua arte na pele envolve minimalismo, lettering, além de desenhos geométricos e simbólicos. Conversamos com Brunella para saber mais sobre suas inspirações:
FTC: Tem tatuagens? Quantas? O que são?
Tenho tatuagens pelo corpo todo, que “coleciono” desde os 15 anos. Acho que contar tatuagens quando se tem uma quantidade tão grande, é uma bobagem. Porque na verdade conto como uma única peça. Elas fazem parte de mim, e adoro ir preenchendo os espaços ainda em branco.
FTC: Quando e como você começou a tatuar? Existe um por quê de você ter começado a se expressar através das tatuagens?
Me tornei aprendiz de tatuagem em 2006, quando meu tatuador topou me ensinar as técnicas necessárias. O interesse surgiu justamente por ser na época e eu já ser frequentadora assídua de estúdio de tattoo. Ficava encantada com todo o processo que envolvia tatuar uma pessoa.
Minha ligação com arte e desenho sempre foi forte, mas até ter esse contato mais próximo com tatuagens, não sabia como expressar minha visão. Quando vi que seria possível aprender a técnica e me expressar através disso, não tive dúvidas de que era esse o caminho.
FTC: Como você define o seu estilo de tatuagem?
Sempre acho difícil responder essa pergunta, porque acho que meu trabalho foge dos estilos tradicionais de tattoo, mas hoje ele já seria definido com fineline, explorando o uso de linhas retas, finas e precisas.
Um dos meu desafios enquanto aprendiz e novata na profissão foi descobrir em qual estilo poderia me aprofundar. Tinha dificuldades, pois quando comecei, o contemporâneo – como aquarela por exemplo, ainda não era bem aceito e conhecido. Quando vi que podia aplicar exatamente o que fazia no papel, na pele, me encontrei.
E é trabalhando em cima do aprimoramento das linhas, e da mistura do geométrico com o orgânico que tento me expressar.
FTC: No dia a dia, com o que vc se inspira?
Não vou conseguir fugir do clichê ao dizer que me inspiro em tudo que vejo e que me cerca. No meu trabalho, aplico referências visuais que estão sempre presentes no meu dia a dia. Estou sempre atenta aos detalhes de filmes, livros, pinturas, monumentos, arquitetura. Descobri que posso adaptar qualquer dessas coisas ao meu estilo.
FTC: 3 sites que vc adora visitar. 1 livro e 1 música.
Bom, ultimamente tempo pra ficar navegando na internet é dos mais escassos, daí, os sites que entro constantemente são os que utilizo no meu trabalho. Pinterest é fonte de muitas referências e estou sempre lá. Youtube e Netflix são vícios porque se não estou ouvindo música, estou vendo algum filme. Escolher uma música é das mais difíceis. Depende muito do momento. Atualmente estou sob influência forte da trilha sonora do filme Alabama Monroe. O livro vai ser o atual de cabeceira: “A Espuma dos Dias”, de Boris Vian.
FTC: Se pudesse dar um recado para quem vai fazer uma tatuagem, qual seria?
Tatuador sempre tem aquela longa lista de recomendações, mas acredito que quem curte tatuagem já sabe o básico pra não errar. Por isso, minha dica seria: não force a barra e não entregue a um tatuador um estilo de desenho que não é o que ele curte e sabe fazer.
Procure o profissional pelo que você sabe que ele tem de melhor a oferecer e confie nele. Se você buscou por essa pessoa, significa que conhece e acredita no trabalho dela. Discuta ideias, se envolva. Quando existe a liberdade de criação, tudo isso aparece no resultado final da tattoo.
No Instagram: @brusimoes.