Bruno Almeida cria tatuagens em blackwork e pontilhismo com simetria perfeita

Tattoo Friday

BY Carol T. Moré

junho 4, 2015

Bruno Almeida cria tatuagens em blackwork e pontilhismo com simetria perfeita

Bruno Almeida tem 26 anos e mora em Campinas, SP. Bruno é mestre ao usar tinta preta na pele (blackwork), o que acabou o levando a se especializar também na técnica e no estilo de pontilhismo (dotwork) há aproximadamente um ano.

O artista conta que sempre teve algum tipo de envolvimento com a arte, já que sua mãe é artesã. Desde pequeno (12 anos de idade), eles faziam artesanatos como cestas de jornal, pinturas a dedo em azulejos e fontes feitas de pedra, para vender na feira.

Do seu pai, herdou a influência dos desenhos e mais tarde, se inspirou em seu professor de artes, que passou muitas técnicas e ensinamentos, principalmente a do trabalho paciente de criar ponto por ponto. Foi apenas em 2001 que Bruno começou a recuperar os seus desenhos, e hoje diz que isso se deve muito aos dois (pai e professor) que já se foram.

A tatuagem não foi a sua primeira opção profissional. O artista teve uma passagem longa (10 anos) na área industrial. Foi técnico de laboratório de qualidade, trabalhava com medição em peças automobilísticas, no qual pode aprimorar os conhecimentos em desenhos técnicos e geometria.

Isso foi uma passagem muito importante em sua vida, já que hoje, ele trabalha diretamente com formas perfeitas em seu estilo. Juntamente com isso, Bruno se inspirou em outros conhecimentos como o ocultismo, fractais, mitologia, culturas antigas, espiritualidade e psicodelia.

Bruno começou a tatuar por influência de seu irmão, o já tatuador Diego Almeida, que o iniciou no mundo das agulhas, e que começou a lhe passar várias técnicas que Bruno vem desenvolvendo desde 2007.

O resultado é realmente surpreendente. Bruno cria tatuagens em blackwork e pontilhismo com simetrias perfeitas. Atualmente, Bruno, Diego e sua mãe, trabalham em família no incrível estúdio que abriram em Campinas, o Los Almeidas Tattoo Studio. Confira alguns de seus trabalhos:

FTC: Como você define a sua arte?

Acredito na arte real que vem da essência, pois creio que a arte é um dos pilares fundamentais para a lapidação do desenvolvimento humano, independente de época ou tendência. Não se escolhe a arte, a arte te escolhe. Acredito que não existem padrões, nem bonito ou feito, nem certo ou errado, A arte apenas é.

FTC: Com o que você se inspira?

Tento expressar todo sentimento nas tatuagens que faço, para que tenham em si uma característica forte de minha essência. Também sempre me inspiro com os sonhos, depois resgato algumas imagens na memória.

FTC: Qual foi sua primeira tatuagem em um cliente?

Sempre achei que a primeira tatuagem tivesse um certa questão em si. A tatuagem requer muitos cuidados e técnicas que vão além do papel, então me recomendaram utilizar pele de porco antes de tatuar qualquer cliente.

Mas, como o objetivo era meu desenvolvimento, o porco não tinha muita relação com minha história, e nem o cliente deveria servir como tal. Eu resolvi fazer as primeiras tatuagens em mim mesmo até estarem aceitáveis para o meu primeiro cliente, que ganhou um lobo geométrico.

FTC: Está tocando algum projeto especial ou específico atualmente?

Sim, atualmente estamos com alguns projetos em mente e alguns já em andamento. Estamos realizando eventos no nosso estúdio, onde os artistas independentes da nossa cidade (e de outras também) possam participar abertamente de exposições.

São desenhos, fotografias, pinturas, música, artes em vinil, graffiti em tela, etc, para que possam além de apresentar ao público, também vendê-los. Uma forma de incentivar, apoiar e ceder espaço para arte.

FTC: Uma frase que você carrega para a vida

Se não eu, quem? Se não agora, quando?

FTC: 5 coisas que não consegue viver sem.

A vida é muito instável e a cada momento estamos passando por situações diferentes nas quais temos que lidar com ganhar ou perder, viver com algo ou sem, mas aos poucos vamos aprendendo a desapegar, e isso nos deixa cada vez mais resistentes as diversidades que podem acontecer.

Não sei o que é mais difícil, se é controlar as coisas que a vida nos dá, ou suportar a vida depois que ela nos tira. Mas, como tudo faz parte de um grande aprendizado, só tenho a dizer que apenas sou grato.