Rodrigo Tas é tatuador, professor, ilustrador e designer. Tem um grande apego pelas artes gráficas e pela pintura. O caminho até a tatuagem foi bem longo e inusitado, até virar seu ofício principal.
Sempre desenhou muito e desde muito cedo. Com 8 anos de idade, fazia personagens de quadrinhos e games da época. Com 14, devido ao forte contato com o skate, se inspirava nos graffitis das pistas e das ruas da cidade de SP. Foi então que começou a criar seus personagens, letras e pintar muros por aí.
Aos 16, trabalhou em uma gráfica com criação, seu contato com o “desenho digital”. Com 19, entrou no curso de design gráfico onde até hoje é professor. Trabalhou em museu, em revista, em agência de publicidade, ilustrou, desenhou, criou para diferentes fins. Estudou muita coisa, testou muitos materiais, suportes, técnicas durante um longo período. Tinta no papel, na tela, em tecido, em madeira, na parede, e por fim, na pele!
Depois disso, há 3 anos atrás, resolveu apostar em seu próprio estilo e nos seus desenhos de seres andantes. Se apaixonou pelas possibilidades e agora risca a pele das pessoas todos os dias.
Hoje no #tattoofriday, entrevistamos o artista para saber mais sobre suas inspirações e publicamos alguns de seus trabalhos inéditos.
FTC: Rodrigo, claro que você tem tatuagens. Quantas são e o que são?
Rodrigo: Minhas tatuagens são muito difusas. Não possuem um padrão, um estilo. São poucas e escondidas, 6 no total. Uma baleia, um peixe e uma tartaruga pra lembrar do mar, do surf, da minha relação com a natureza. As outras 3 são sobre coisas que não consigo viver sem: música, skate e desenho.
O texto “triste arte” que foi a primeira vez que tatuei alguém (eu mesmo rs) e representa uma fase importante da minha vida, além do meu tesão pela cena da música autoral independente. Um cara remando de skate, já que não consigo viver sem as 4 rodinhas por perto e um lápis pequenininho estilizado, que fiz pra representar o processo de desenhar, tanto que o lápis ficou um toquinho. A última, foi o que anos depois veio a se tornar o símbolo (coroa-lápis) do meu logo quando comecei a tatuar.
FTC: Quando e como você começou a tatuar? Existe um por quê de você ter começado a se expressar através das tatuagens?
Rodrigo: Como eu já disse antes, foi há menos de 3 anos, em agosto de 2011 me “auto-tatuando”. Comecei de maneira inusitada mesmo, nunca tive a intenção de tatuar, foi meio no chute, um experimento que deu certo. E acho que deu certo justamente por ter sido algo só pela arte mesmo, pela experimentação. Quem sabe se tivesse pensado e planejado pra ser um tatuador, pra ser um negócio e viver de tatuagem, poderia não ter explorado técnicas diferentes, composições mais originais e teria caído no padrão do mercado onde dificilmente me destacaria.
FTC: No dia a dia, com o que você se inspira?
Rodrigo: Com tudo! Sempre digo para os meus alunos que a inspiração está por toda parte, basta estar atento que tudo ao nosso redor pode inspirar. Fico de olho em tudo, no adesivo no vidro do carro ao lado, na arte do outdoor, no graffiti na parede, no pôster do show que fui, na ilustração do livro que estou lendo, no som que estou escutando e até mesmo nos desenhos que meus filhos trazem da escola! Encontro no dia a dia as possíveis soluções para apresentar propostas exclusivas e originais para os conceitos que os clientes me trazem todos os dias.
FTC: 3 sites que você adora visitar, 1 livro e 1 música.
Rodrigo: Confiro sempre o ffffound pela criatividade e a liberdade temática das imagens que circulam lá, o Tattrx pelo conteúdo vasto de tatuagens autorais com estilo próprio e fora do padrão, e outro artístico, não gráfico mas sim sonoro, que acesso sempre pra conferir as novidades musicais é o Tenho mais discos que amigos.
Sobre o livro, vou indicar o que estou lendo agora, Guia Politicamente Incorreto da Filosofia do Luiz Felipe Pondé, que faz um ensaio irônico sobre os problemas e consequências do discurso politicamente correto padronizado que a sociedade contemporânea adotou.
E a música que vou indicar é C’antiga do Porcas Borboletas que foi a base para minha primeira tatuagem (triste arte) e além de representar de maneira inteligente as diferentes fases e rumos da vida, ainda fomenta o que eu vejo de mais bonito na música independente, a liberdade para musicar e escrever fugindo dos padrões comerciais impostos pela mídia.
FTC: Se pudesse dar um recado para quem vai fazer uma tatuagem, qual seria?
Rodrigo: Pode até parecer um imenso clichê, mas é a mais pura verdade: não busque solução rápida e preço! Desenhos da moda, estilo que é tendência, promoção de tatuagem, não valem a pena porque vai acabar se arrependendo. Mais vale esperar um tempo, planejar com muuuuuita calma, escolher com todo cuidado o conceito, o estilo e o profissional para fazer o desenho que vai te acompanhar pelo resto da sua vida.
Tatuagem não pode ser algo pra escolher rapidinho numa busca no Google e fazer com o primeiro que te der o melhor orçamento. Num futuro próximo a “tendência”, não será mais esta tal tendência imposta pela repetição de um padrão estético, mas sim a originalidade.
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