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Descubra Hong Kong: uma cidade de experiências e curiosidades únicas, um destino inesquecível

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Depois de três meses fora do Brasil, pisando em terras alemãs, a ilustradora Tatiana Vieira fez uma pausa em Hong Kong. Apesar dos grandes desafios diários para aprender o alemão, no fim ela se diverte imensamente. Tati conta um pouco da sua experiência, das diferenças culturais e comparações do país através de suas ilustrações únicas, além de curiosidades que descobriu ao passar um tempo nessa cidade tão maluca da China. Confira:

Hong Kong viagem transporte

TRANSPORTE

Primeiro de tudo: quem nasce em Hong Kong é o quê? Antes da viagem este tipo de coisa ainda não havia “me tocado”. Pois é, é honconguês. E eles não se consideram parte da China. Depois de um tempo de observação, você já começa a identificar os chineses, levemente. Eu queria imergir na cultura, mas o mergulho foi logo na chegada: pegamos o metrô por debaixo d’água até Kowloon [ pena que não é aberto e não podemos ver o que acontece do lado de fora. Quem sabe um dia? ].

Ao pegar um táxi [ lindos e vermelhos ], há sempre uma surpresa: a mala do carro pode estar cheia, inclusive com um varal, que se arma ao abri-la. Um pop up, eu diria. Ah, e cuidado, eles não têm muita boa vontade em pensar sobre caminhos e não sabem os nomes dos lugares, normalmente, se você mostrar um mapa em seu idioma, ou em inglês.

Esteja sempre atento e o dê o máximo de informações. Pesquise tudo antes de sair de casa. Algumas portas de táxis abrem e fecham sozinhas, por mecanismo acionado pelo motorista. Li que no Japão é assim, mas em todos os táxis e que, se você fechá-la, o motorista ficará muito feliz, só que do avesso.

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Os transportes são muito fáceis de usar, quase tudo se faz de metrô [ que funciona até as 00:59 ]. Pegamos ônibus duas vezes. São lindos, como os de Londres, de dois andares. Herança de ex-colônia, assim como a mão inglesa até hoje. Eles têm um personagem que é símbolo do transporte e estampa alguns pontos de ônibus e estofado dos veículos.

O metrô passa tanto por cima quanto debaixo da terra, como o nosso é, mas tem estações com mais de um vível. Ou seja, você pode descer e pegar um na estação x, subir um nível e seguir viagem, ainda por debaixo da terra. É igual ao novo formato do metrô de SP, com portas de vidro na plataforma e nosso modelo de metrô japonês do Rio de Janeiro. Mas são muito extensos, você vê o infinito. Em vários momentos ou em quase todos me senti em casa.

As ruas são seguras. Em momento algum tive medo. Até nos guetos, super feios e escuros, nenhum medo batia. Já os mini ônibus seriam as nossas vans e kombis. Simplesmente caos. Ao lado do motorista não há acento, então é bem provável que um monte de tranqueiras morem lá: por toda a eternidade.

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Você pode colocar o dinheiro sem medo no cartão de transportes [ chamado Octopus ], e depois pode usá-lo para comprar comida e produtos em lojas. E outro detalhe legal: se você não tiver o dinheiro para a passagem na hora, o cartão fica no negativo. Isso porque ele custa 40 hong kong dollars. Ou seja, como no meu caso, ao devolver o cartão na estação, antes de seguir para o aeroporto, eu estava com -30,00, então recebi apenas 10,00 de volta. Assim você nunca passa um susto na rua por falta de grana. Além disso, o valor cobrado no metrô é dado na saída.

Se você pega o metrô em Yau Ma Tei, por exemplo, e salta duas estações depois, paga um x valor, se saltar mais distante, o valor aumenta proporcional ao percurso. Fiquei muito tempo pensando no quão simples seria adotar isso no Brasil, pois bastaria passar o cartão na entrada e na saída [ real momento em que é debitado o valor da viagem ]. Falando em estações, na Prince Eduard tem o Ladies Markt, um mercado para comprar tudo que você imaginar a preço interessante. Mas existem outros mais em conta, que descobrimos depois, com amigos locais.

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CELEBRAÇÕES E ACOLHIMENTO

Do colorido festivo: além dos conhecidos dragões, nas festividades eles têm os leões, que são lindos e exigem muuuito de quem o veste e atua. São dois integrantes em posição agachada. Nas refeições, estando entre mestres e integrantes de uma família de kung fu, os mais novos servem os mais velhos e a relação de respeito e sentido de família é imenso. Mesmo sendo recente aprendiz, já me sentia em casa e à vontade. O acolhimento é lindo.

O interessante é que cada lugar possui sua forma de acolher. Somos famosos neste sentido, mas, não, não era isso. E longe estava de ser como uma religião ou similar. Era apoio para encontrar os lugares mais bacanas, indo junto, inclusive, pegando o celular e marcando TODOS os pontos em segundos, de tudo que não poderíamos deixar de conferir. Sim, eles são velozes com tecnologia. Velozes no dia a dia. O caos.

Sobre afeto: os achei muito hospitaleiros, sorridentes, mas com pouco contato físico. Vi apenas um beijo [ na escada rolante ], 5 grávidas e nenhum casal de mãos dadas. A não ser depois que perguntei a um casal se era proibido. Não, não é, só não é comum, me parece. Os beijos na bochecha sempre me eram batidas de ossos das maçãs do rosto.

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Hong Kong é uma cidade que se parece muito com o Rio, por mais que esta frase soe estranha, é a pura verdade. Um misto de Méier, Madureira, Vila Isabel, Maracanã, Niterói. Incrivelmente. E tem vegetação parecida, mas com muitas montanhas (e ver de cima dos teleféricos é de suspirar).

No banheiro, a descarga é dada automaticamente. Basta o usuário se afastar. No Shopping Mega Box há um com paredes de vidro, ou seja, você vê tudo que se passa do lado de fora, do alto de mais de 10 andares. As lixeiras, infelizmente, seguem o padrão inglês, o qual sempre acho que a abertura é inferior à minha necessidade de descarte de lixo.

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ARQUITETURA

No Brasil temos andaimes de ferro, em Hong Kong, assim como na Índia, usam bambus, super livres e aparentemente sem cuidado, no sentido de desprotegidos dos “humanos”, que poderiam simplesmente chutar e destruir tudo.

Os prédios fazem cócegas e pinicam o céu, de verdade. O comércio muitas vezes é na parte debaixo de prédios residenciais. Prédios estes que, aparentemente, não fazem reforma há pelo menos uma década. Alguns realmente pensei que estivessem abandonados, porque pegaram fogo, mas, não, estavam ativos, apenas destruídos. Pergunto-me: como eles estão de pé com tremores, que são comuns por lá?

Os shoppings são gigantes e imponentes. Destaque para o Shopping Mega Box, com um cinema bacana, com pipoca [ doce \o ] e entrada a um euro para film 3D [ oi!? Isso mesmo, um euro ]. Mas, uma obeservação: diferente do Brasil ou na Alemanha, você tem que ter seus próprios óculos, eles não alugam, mas você pode adquirir um no próprio cinema. Se for ver um filme em 3D, leve seus próprios óculos?! Creio que seja por questões de higiene e segurança contra possível contaminação.

 

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Uma coisa bacana ao assistir filme com som original [ inglês ] e legenda em cantonês: os números na legenda são arábicos, isso mesmo, como os nossos. Perguntei a eles o motivo e disseram que é mais fácil [ sim, e assim foi o fim da esperança de aprender cantonês, idioma de Hong Kong e, sim, eles não falam chinês, é um tanto diferente ]. Pedi para que me mostrassem como se escrevem os números. Existem duas formas: uma simples e uma complexa. É, me convenceram. Ah, e é comum ter pista de patinação nos shoppings. No calor que está fazendo então, perfeito.

Hong Kong viagem arquitetura

Hong Kong também é a terra das escadas rolantes. Algumas cobrem váaaarios andares, a fim de agilizar. Tem muita gente nesta cidade, as vias normais que conhecemos em nossos shoppings não dariam conta. Brinco que eu não tive muita distância focal para fotografar pessoas, mas é verdade, rs.

Hong Kong viagem culinária

CULINÁRIA

Os restaurantes tradicionais são escondidos. Acho que só fomos a um porque estávamos com pessoas locais. A decoração é tipo um aniversário de 15 anos em Beverly Hills no anos 90, em tons de rosa e lilás. Ui. Comidas: algumas foram bem difíceis para mim, mesmo sendo um simples frango, por exemplo. Eles não tiram o osso, então você pega com um pedação com hashi, colocando inteiro na boca e depois cospe o osso, como se fosse o caroço da azeitona. Como muitas vezes os ossos vêm um pouco em cacos, é esquisito.

E não gosto de seres do mar, só em desenhos, para comer, desenhar. Octopus não funcionam comigo. Se deixar que eles escolham o que jantar/almoçar, você pode ter lindas surpresas. E, não pergunte ao mestre o que é, quando ele escolher, apenas: seja valente e coma, rs… Siga o mantra: “Coca-Cola e fé”. Das frutas: dias antes eu havia descoberto a pitaia, a fruta do dragão. Sabor sensacional. A experimentei e ela é linda por dentro e por fora. Considerei seu sabor similar ao da melancia.

Beba apenas produtos engarrafados que seja industrializados. Não estamos preparados para comer certas coisas sem ter “piriri” ou alguma doença advinda da água. E isso é bem sério. Importante: guardanapo. Ande sempre com um pacotinho de lenço umedecido e lenços normais. Nem sempre terá nos restaurantes. Ah, e uma coisa: é a terra da metade. Sabe aquele sanduíche que você compra na lanchonete? Pois é, ele vem só a metade do pão, não é uma “duplinha”, o pão inteiro, já que ele foi cortado na diagonal.

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PASSEIOS

Se você quiser aproveitar mais do dia, saia de manhã cedo e vá ver as ruas. É incrível a quantidade de letreiros, pessoas, caos e fachadas que parecem destruídas demais para ter alguém morando dentro. E, como shoppings, museus, parques e feiras, em sua maioria abrem às 11/12h, aproveite para ver tudo que puder. Algumas lojas fecham depois da meia-noite.

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De passeios para quem quer um pouco de emoção, o Ocean Park é muito simples de chegar – como tudo na cidade. O aquário é um dos melhores do mundo. Eu que amo os animais do fundo do mar, morri. Mas senti falta de um catálogo com as espécies, algo sobre a vida marinha que não fosse um souvenir fofinho.

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Dos templos, o Tian Tan Buddha – na Ilha de Lantau -, é simplesmente imperdível. Ele é muuuito gigante, você só chega de teleférico e ainda sobre muuitos degraus. Além da viagem de trem até Tung Chung, segue-se de teleférico, atravessando o oceano até a Ilha de Lantau, na montanha, há o Po Lin Monastery. Ver os monges de perto, vindo de variados locais é belo.

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As lojinhas de souveniers são boas, com preços bacanas. Então, se pretender ver depois algo parecido em outro lugar, garanta logo. Inclusive camisas de Hong Kong, só no aeroporto vi. E caras [ sempre acho que exploram mal as cidades através do que produzem para vender. Uma pena ].

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Hong Kong ainda conta com sua própria “calçada da fama”, a Avenida das Estrelas. Lá você encontra as mãos de personalidades e a estátua do Bruce Lee.

Livrarias. A verdade é que tive dificuldade em achar livrarias. Só uma no aeroporto e uma grandona maravilhosa no Shopping em Kowloon. Lá conseguimos muitas referências de comix. Outro lugar bacana é em Mong Kok, onde tem uma galeria com dois andares repletos [ amontoados ] de toys, games e mangás, animes e revistas deles. Vale muito a pena conferir.

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DICAS E CURIOSIDADES

Os uniformes escolares não têm regra, variam muito e são incríveis. Os hidrantes existem em duas cores, amarelo e vermelho. Um é com água normal e o outro com água potável. Perguntei sobre e meus amigos não sabiam a diferença, depois lembraram, mas não sabem discernir as cores. Não pretendia beber água lá mesmo. E sobre números e horários, uma coisa divertida: eles contam diferente. O um e o dois são normais, mostrando com os dedos, mas os demais não. E o seis é igual ao hang loose.

O calor é de sensação tipo Manaus, bem úmido, você rapidamentente fica “gordurento”. Use filtro solar daqueles mais sequinhos para você não brilhar o dia todo e se sentir incomodada. Eles usam roupas bem leves e amplas. Inclusive short curto, para minha lista de surpresas.

Se você tiver gasto até seu último centavo, no aeroporto tem câmbio e o valor de compra é igual ao dos câmbios externos – pelo menos foi igual ao que paguei em dois outros câmbios. Com 5 euros você pode fazer um lanche do Mc Donald’s, que, pelo que vi, é o local de comida mais em conta, sem ser dos “alternativos”. “Ah, mas viajar e comer no Mc Donal’s?” Sim, eu penso igual, mas se você tinha apenas 5 euros na volta, fique muito feliz com o oásis encontrado.

Foi uma experiência única de descobertas, de rápido afeto com a cidade e muitas emoções. Espero voltar em breve e contar mais.

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Tatiana Vieira é designer gráfico, de moda, ilustradora, escritora de bobagens e visual storytelling de primeira viagem. Tem a mochila sempre nos ombros, olhos grandes, tal qual o mundo, que considera o seu quintal. Etérea por natureza, está sempre em alçando voos. Atualmente está em Köln, Alemanha e adora conversar.

eterea design

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Vale a pena conferir suas ilustras do projeto “O Mundo é meu Quintal” e “As viagens de Sussie” aqui. Mais imagens da China aqui. No Instagram: @tati_eterea. No Facebook: /etereadesign. Loja online: @tatieterea.