Pintura de Van Gogh com paisagem de oliveiras e montanhas
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Van Gogh e suas últimas viagens

Local de seu nascimento, de suas pinturas mais famosas — e de seu descanso final, Auvers-sur-Oise, comuna na França, comemora em 2024 o 170º aniversário de Vincent Van Gogh.

A ocasião trouxe, pela primeira vez ao Musée d’Orsay, uma exposição exclusiva com foco em seus últimos quatro anos e viagens do artista, uma exploração final e um retorno às suas raízes, desde os dias parisienses com seu irmão Theo até última estadia em Auvers, época em que pintou um quadro por dia, passando por Arles e Saint-Rémy-de-Provence.

Depois de Paris, de 19 de outubro de 2024 a 2 de novembro de 2025, a segunda parte da exposição acontece no vilarejo francês, em espaços como o Château d’Auvers e Maison du Docteur Gachet, totalmente redesenhados para a ocasião.

“Van Gogh, Les Derniers Voyage” apresenta obras de vários tipos, do contexto do fim de sua vida até sua crescente notoriedade. Ali, as paisagens e cenas rurais foram claramente uma fonte inesgotável de inspiração: céus esplêndidos, reflexos do rio, figuras camponesas, trabalho diário e campos, casas e chalés são temas explorados pelo pintor ao ar livre, sempre enriquecidos pela rica intensidade de cores.

A última pintura feita por Van Gogh, (1853-1890), ‘Raízes’, 1890, Auvers-sur-Oise. Óleo sobre tela © Museu Van Gogh, Amsterdã;
Postal ‘rue Daubigny, Auvers-sur-Oise’ , local o qual foi reconhecido a pintura acima, ‘Raízes” (1890) de Van Gogh, 1900-1910, ©arthénon

Auvers-sur-Oise e Van Gogh

Vincent van Gogh viveu uma vida marcada por excessos e intensidades. Em seus breves 37 anos, morou em várias cidades, acumulando 38 endereços em quatro países diferentes. De Haia a Amsterdã, passando por Bruxelas, Antuérpia, Londres, Ramsgate, Paris, Arles e Saint-Rémy-de-Provence, sua jornada era uma busca incessante por um lugar que pudesse acolher sua alma atormentada.

Verdadeiro autodidata, Van Gogh contou com o apoio de seu irmão Théo ao longo de sua vida. As suas pinturas testemunham uma viagem a múltiplos destinos.

Uma de suas grandes obsessões era retratar a noite e a natureza que encontrava. Como muitas de suas pinturas mais famosas, Noite Estrelada sobre o Ródano foi pintada as margens do Rio Ródano, o que lhe permitiu captar os reflexos da iluminação a gás na cidade de Arles, as águas azuis cintilantes, o céu iluminado pela constelação da Ursa Maior, e em primeiro plano, dois amantes que passeiam nas margens do rio, sobre a areia.

“Um dia ou outro creio que ainda encontrarei uma maneira de expor meus quadros, pelo menos em algum café”.
Vincent Van Gogh

Finalmente, ele chegou a Auvers-sur-Oise, um encantador vilarejo de apenas 7.000 habitantes, a 27 quilômetros de Paris, onde a tranquilidade da natureza contrastava com sua tempestade interior. Ali, sob os cuidados do doutor Gachet, Van Gogh mergulhou em um frenesi criativo durante os últimos 70 dias de sua vida: criou 74 pinturas vibrantes, 57 desenhos e uma gravura, obras carregadas de emoções profundas.

Ali, o artista pintou pelo menos 18 quadros de oliveiras. Na época, em que vivia em um asilo, essas pinturas tiveram significado especial representando o divino e o ciclo da vida.

Em Auvers, as cores dançavam em sua paleta como se soubessem que o tempo era escasso. Cada pincelada era uma busca por compreensão em um mundo que muitas vezes parecia alheio à sua dor.

Vincent van Gogh (1853-1890) Escadaria em Auvers, 1890. Óleo sobre tela © Saint Louis Art Museum

Conhecida internacionalmente também por causa de outros pintores impressionistas, Charles-François Daubigny, Paul Cézanne, Jean-Baptiste Camille Corot, Camille Pissarro que ali estiveram, Auvers-sur-Oise possui uma grande relação com a arte, principalmente de Van Gogh. Até hoje, as ruas são destacadas com 29 placas, imagens de alguns quadros que pintou no local e motivos que o inspiraram.

Vincent van Gogh (1853-1890) Choças em Cordeville, 1890. Óleo sobre tela © Musée d’Orsay, Paris

A exposição no Château d’Auvers

A exposição apresenta os diferentes ambientes, materiais e relacionamentos do pintor durante os seus últimos quatro anos. A Casa do Doutor Gachet oferece um novo layout, próximo à decoração inicial descoberta por Vincent van Gogh em sua chegada a Auvers-sur-Oise em 1890 e criada a partir das descrições dadas pelo sobrinho-neto do médico, além de uma aquarela do salão de 1903 do artista Léopold Robin.

O evento expositivo se estendeu e oferece a oportunidade da visita até 2025, mostrando tanto sua intimidade quanto em seu processo criativo.

Vincent van Gogh (1853-1890) Les Alpilles, 1889 Saint-rémy-de-provence. Óleo sobre tela © Kröller-Müller Museum

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Paisagem de Auvers-Sur-Oise, imagem por @lademeureduparc

Vai lá: “Van Gogh: As últimas viagens”

Quando? até 2 de novembro de 2025

Onde? no Château d’Auvers (Chemin des Berthelées 95430)

Em Auvers-Sur-Oise – Val-d’Oise na Região de Ilha de França