Vana Campos espalha pela internet, tirinhas simples, mas cheias de positividade, leveza e bons sentimentos

Art Attack

BY Carol T. Moré

setembro 15, 2015

Vana Campos espalha pela internet, tirinhas simples, mas cheias de positividade, leveza e bons sentimentos

Seus desenhos são simples, mas delicados, e nos fazem refletir. A escritora e ilustradora Vana Campos é apaixonada por crianças e letras. Tem oito livros publicados, além de outros projetos bacanas. Foi ao juntar tudo o que mais gostava de fazer que ela deixou o seu trabalho formal como psicóloga e criou uma pequena editora de livros infantis chamada Cachecol. É autora também de dois blogs, o Vai de pijama e Porque Sim.

Seu objetivo é inspirar as pessoas através de tirinhas e animações que espalham positividade e bons sentimentos, seja você criança ou adulto. No Vai de Pijama, ela traz textos e ilustrações com temas cotidianos sobre a maternidade. Mas não são dicas nem conselhos e também não é só um blog fofo sobre ser mãe, até porque para ela essa experiência é uma montanha russa. Com o coração subindo e descendo, Vana retrata o dia a dia de sua família dramática de dois filhos, Benjamin e Amora, um marido e um cachorro, que adoram ficar de pijama.

Já no Porque Sim, a ideia é falar sobre liberdade, leveza e alegria para dissipar um pouco as tristezas e raivas que pairam no ar – em tempos e redes sociais tão caóticas. Atualmente ela mora em uma chácara em Taubaté (interior de São Paulo) com seu marido e dois filhos. Seu escritório é debaixo de uma árvore, onde escreve e ilustra seus livros e de outros autores também. Hoje conversamos com ela para saber um pouco mais sobre suas inspirações e como chegou até as ilustrações. Confira entrevista:

FTC: Vana, conte um pouco sobre você e como chegou até a ilustração;

Sou uma pessoa interessada no outro. A curiosidade sobre o mundo psíquico, os sonhos, as fantasias, a relação com a realidade, as emoções e tantos outros mecanismos me levou a estudar psicologia. Tive consultório por dez anos e fui percebendo que a criatividade e a expressão dela no mundo ajudava, e muito, as crianças a recuperarem a saúde mental. E a minha também! rs Tanto produzindo quanto explorando a arte. Cada livro, exposição, música que conheço ou re-conheço faz abrir uma nova portinha (azul!) em mim! E cada criação também!

Comecei a pensar mais seriamente em escrever livros e talvez trocar o consultório pela literatura. Eu já escrevia muito, mas escrevi um livro mesmo, completo na 1ª gravidez. Ganhei em 1º lugar um concurso de literatura em Recife, que virou uma publicação (“Pequeno Tempo”). Quando meu 1º filho nasceu, fiquei em casa com ele e escrevi bastante. Publiquei na sequencia um livro infantil (Cadeira de Balanço – que ganhou um PNBE – Livros para o Governo), fechei o consultório e resolvi me dedicar de vez à literatura.

Chegar até as ilustrações foi um longo caminho! Tenho (ou tinha) muito mais facilidade para escrever, mas eu sempre pensava através de imagens. Comecei buscando parcerias: eu escrevia e alguém ilustrava, mas uma vontade ficava comichando por todo cantinho meu. Por incentivo do marido e de uma amiga comecei a desenhar algumas histórias. Fiquei surpresa quando a Ana Mortara da editora do Cereja aceitou dois projetos meus com ilustrações: “O Quadrado” e ” O Círculo”. E aí começamos uma caso de amor, eu e as ilustras!

FTC: Há quanto tempo cria as ilustras e quais materiais utiliza?

Ilustro há uns 4 anos. Gosto muito de trabalhar com papel, fazendo colagens, tecidos, caneta nanquim, lápis aquarelável e aquarela.

FTC: Qual a influência das cores nos seus trabalhos?

Quando penso em um projeto novo de livro, por incrível que pareça, penso na combinação das cores. Que cor combina com o tema, qual a cor oposta ao tema para fazer uma antítese, como as cores funcionariam para complementar a linguagem. Penso tanto nas cores e sou tão fascinada por elas que tenho um livro adulto (que tem o prefácio da cantora Mallu Magalhães) que chama-se “As Cores do Branco” e fala das emoções como se fossem cores.

FTC: Está tocando algum projeto específico atualmente?

Muitos! Tenho o Porque Sim que ilustro diariamente e que estamos começando a desenvolver parcerias para fazer produtos! Oba! A Cachecol Editora, que tem três livros novos e prontos para surgirem no mundo. Tenho planos de começar um jornal de literatura para criança chamado: Pipoca Literária! Vai ser distribuído gratuitamente nas praças da cidade de Taubaté. Além disso, tenho duas peças infantis que estou trabalhando.

FTC: Como surgiu o “Porque sim” e o “Vai de Pijama”?

O Vai de Pijama veio primeiro. Surgiu para ilustrar minhas experiências reais da maternidade. Um jeito criativo de lidar com essa doideira boa que é ser mãe! E de comunicar isso!

O Porque sim também começou com uma brincadeira com o filho mais velho. Ele chama-se Benjamin, tem 4 anos e muitas ideias na cabeça. A mais novinha tem 1 ano e meio, chama-se Amora e é bem tranquilona! Bom, o Benjamin tem mania de dizer não para tudo. Fiz uma brincadeira com ele que para cada sim que ele dissesse ganharia um prêmio. Um desenho que ele escolhesse!

Fiquei pensando que delicia que é ouvir sim. Junto a isso veio foi uma ressaca de ouvir tanta tragédia no face e nas mídias. Resolvi então fazer algo cheio de sim. O Porque sim! Acho que ele coloca no ar histórias e desenhos leves que ajudam a melhorar o humor. Pelo menos essa é a intenção!

FTC: E a ideia da Cachecol Editora?

A Cachecol surgiu por um desejo de ter uma produção mais ativa, que pudesse dar espaço para os amigos, fazer trabalhos conjuntos e traduzisse bem o que sentimos com relação a literatura. Meus pais tiveram uma editora de livros de arte (Raízes) e eu cresci vendo provas, bonecos, reuniões de artistas. Acho que está no sangue essa vontade de fazer isso!

FTC: O que é arte para você e como você definiria a sua arte?

Arte para mim é a manifestação do coletivo. Das emoções do mundo, do inconsciente coletivo, das ideias e dos desejos que pairam no ar. O artista é aquele que consegue colocar isso nas palavras, na pintura, na música, no muro, na obra e por aí vai.

Acho que o meu trabalho comunica o que há de delicado nas pessoas. Um pouco de humor, um tracinho tortinho e o cotidiano.

FTC: Com o que você se inspira?

Putz! Muita coisa! Arte em geral, livros, música, pintura, cinema. O contato com a natureza é bem forte para mim, tanto que moro em uma chácara, com horta, pomar, flor, passarinho solto e tudo mais. Muita inspiração vem também de observar as pessoas. Os pequenos gestos, os pensamentos, o cotidiano me sensibiliza muito.