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A Tapeçaria de Vanessa Barragão reproduz o fundo do mar e promove uma reflexão sobre a preservação dos oceanos

Mesmo quando observadas de perto, as criações de Vanessa Barragão podem ser facilmente confundidas com paisagens do fundo do mar. Além de recuperar técnicas tradicionais de tapeçaria manual, a artista também demonstra preocupação com o caráter sustentável de sua obra.

Nascida em Portugal, Vanessa cresceu na cidade litorânea de Albufeira, ao sul do país. Os corais, algas e demais elementos marítimos sempre fizeram parte da vida da autora.

Vanessa Barragão concluiu sua graduação na área de Design de Moda no ano de 2013. No ano seguinte abriu seu estúdio e exibiu suas peças pela primeira vez. Nesse meio tempo continuou estudando e completou seu mestrado também em Design de Moda na Faculdade de Lisboa no ano de 2016.

A complexidade de seu trabalho se dá pela variedade de técnicas utilizadas. Por trás da linguagem contemporânea de sua arte, Vanessa esconde técnicas muito ancestrais como a feltragem, o tricô, o macramê, o crochê e a tecelagem.

Uma de suas peças, intitulada de “Tapete da Terra”, foi exposta durante a Semana de Design de Milão do ano passado, e possui aproximadamente 4.5m de diâmetro.

Seus tapetes são altamente sensoriais, e têm o propósito de fazer com que as pessoas se sintam em harmonia com seu próprio universo, focando em si próprias quando entram em contato com a superfície confeccionada inteiramente à mão.

Em outro exemplo do seu trabalho, Vanessa Barragão promove uma ligação entre a Lua e o oceano. Sobre a peça “Lua Cheia”, ela afirma: A superfície da Lua representa um lugar tranquilo, com sua falta de som e gravidade. E para encontrar um ambiente similar na Terra, é preciso mergulhar fundo no oceano. E assim surgiu a interação entre essas duas superfícies que fazem todo o sentido quando unidas pela autora.

Além da proximidade com o oceano desde a infância, existe outro aspecto que atrai seu interesse para o tema. Em seu site a artista revela a preocupação com o caráter sustentável de seu trabalho. Ela explica que a indústria têxtil, responsável pela produção da sua principal matéria-prima, é uma das mais poluentes do planeta.

O processamento e tingimento das fibras, assim como o maquinário que prepara esse material, são grandes elementos de poluição, e o oceano absorve grande parte dessa poluição, segundo informações encontradas em sua página oficial.

O crescente aquecimento do mar oferece um grande risco a diversas espécies e também aos corais, que sustentam grande parte da fauna marinha. E sobre a expressão das suas peças como crítica ambiental, ela ressalta: Meu objetivo é gerar um contraste chocante entre a presença e a ausência de cor. Enquanto as cores significam vida, a falta delas representa o efeito branqueado do coral e, portanto, sua morte”.

Barragão vive atualmente na cidade de Porto, também em Portugal, e todo o material utilizado na composição das suas peças são advindas de resíduos da indústria têxtil local. Esse material é coletado, limpo e reciclado para ser reinserido no processo de confecção das obras, que é produzido integralmente de forma artesanal.

Para conhecer mais sobre o trabalho de Vanessa Barragão, visite o seu site. Acompanhe também seu Instagram e Pinterest.

Via/Via.

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