Intercâmbio de 6 meses em 14 países na Ásia e Europa: confira uma experiência única!
Hoje falaremos do tão sonhado intercâmbio! Sabe-se que existem muitas empresas especializadas, muitos destinos, idiomas e suporte. Os Estados Unidos e Europa são os locais mais buscados e países como a Austrália também são bastante procurados por quem quer ter uma experiência única no exterior. Mas e quando se quer sair do comum, conhecer algo totalmente diferente? Pois então acompanhe-nos nessa viagem feita pelo Gustavo Kimura Leandro, estudante de arquitetura, que decidiu explorar o outro lado do mundo: a Ásia!
Gustavo fez um perfil no Instagram dedicado exclusivamente ao intercâmbio e você pode conferir imagens belíssimas no @travel_gus!
Museu de Arte Metropolitano de Tokyo, Japão | Foto: Gustavo K Leandro
A BUSCA PELO INTERCÂMBIO PERFEITO
Gustavo começou a busca pelo seu intercâmbio focado no trabalho voluntário com algumas agências. Porém, sempre era direcionado para ficar na América Latina, pela proximidade. No entanto o foco dele era algo que fosse fora da realidade conhecida e foi assim que um programa na China voltado para cidades e sustentabilidade chamou sua atenção. Sendo estudante de arquitetura, tudo se alinhava.
Além disso o programa era para divulgar as cidades nas redes sociais para que mais pessoas também pudessem ter a oportunidade de conhecer a cultura oriental. Incrível, né? E o melhor de tudo é que o Gustavo nunca tinha saído do Brasil! Sua primeira experiência além de muito rica foi muito desafiadora, ainda que os pais tenham apoiado sua viagem e o ajudaram a tornar o sonho do intercâmbio realidade.
Para isso, buscou a AIESEC, que tem diversos requisitos para saber se você está apto(a) a encarar um intercâmbio em jornada global. Além do curso, Gustavo escolheu lugares que queria visitar e as viagens foram todas por conta própria. Precisou de um visto específico para visitar a China e o Japão e visitou ao todo CATORZE países! Saiu do Aeroporto de Guarulhos em São Paulo rumo ao Japão, com uma escala na Etiópia (África) e outra em Seoul (Coréia do Sul). Ao todo foram mais de 30 horas de viagem! A viagem ao todo durou 6 meses (antes da pandemia mundial)!
Muralha da China | Foto: Gustavo K. Leandro
PRIMEIRO DESTINO DO INTERCÂMBIO: JAPÃO
Como nosso viajante é mestiço, aproveitou o Japão para conhecer mais de suas raízes e visitou em torno de 12 cidades, com uma média de 2 a 3 dias em cada, aproveitando ao máximo o intercâmbio e o feriado de Ano Novo em uma cidade do interior em águas termais. Perguntamos o que ele achou do Japão:
“É um país muito limpo, pessoas educadas e organizadas. Falei inglês a viagem inteira e as pessoas foram super solícitas comigo. Porém é uma país mais caro comparado aos outros países asiáticos. Minha viagem inteira foi low-budget (baixo custo), então eu ficava em hostels com quartos compartilhados e pegando os itinerários de passagens mais baratos, principalmente à noite.”
Gustavo falou que não sabia praticamente nada de japonês, teve um breve contato prévio antes da viagem. No entanto isso não foi uma barreira e o inglês foi suficiente para circular por todo o país durante o intercâmbio. É a “terra do Sol nascente” e inclusive essa referência ao Sol aparece em muitas artes de origem japonesa. Infelizmente é um país de desastres naturais e sofre por estar no encontro de placas tectônicas, desencadeando terremotos. Além disso é um conhecido pela sua extensa plantação de arroz. Visto que mais de 80% são áreas montanhosas! Então a produção de arroz é o que abastece a economia nacional. Também é um país altamente tecnológico, com uma cultura de desenvolvimento econômica fortíssima.
RUMO AO INTERCÂMBIO NA CHINA
Chegou a vez da China! Essa foi a parte da AIESEC no intercâmbio e Gustavo deu sorte de ficar em uma host family (casa de família). Apesar de que sua nova mãe só falava chinês e isso foi uma grande dificuldade no começo. Sendo assim, usavam o celular o tempo todo para conseguirem se comunicar e inclusive na China usa-se MUITO o celular. Visto que eles tem um aplicativo chamado “We Chat” que as pessoas usam para praticamente tudo como conversar, pagar aluguel, comprar no mercado, etc. Na China o QR Code é amplamente utilizado, sabia?
“Minha mom me tratou realmente como um filho, ela me atendeu super bem, me levou para conhecer lugares de arquitetura e até me deu dinheiro, porque no ano novo chinês existe uma tradição de dar um cartão vermelho com dinheiro para os mais novos, simbolizando prosperidade. Ela era muito fofa e eu fiquei muito triste quando fui para Xangai depois, porque estava super apegado à minha família chinesa de Pequim. Mas ainda mantemos contato mesmo depois do intercâmbio! Principalmente pela pandemia, já que afetou o mundo todo.”
Sua última semana na China passou em Xangai e apesar da saudade da nova família, Gustavo ficou encantado com o local. Já que é uma “São Paulo, só que mais desenvolvida” como eles nos contou. Além disso é multicultural e muito mais fácil de se comunicar com todos. Diferente de Pequim, cidade mais tradicional (inclusive pela Cidade Proibida, onde mora o Imperador).
Em relação ao tempo, estava frio quando passou pelo Japão e pela China então acabou tendo que comprar roupas apropriadas. Mas como seu próximo destino seriam as Filipinas, ele enviou as roupas de frio para o Brasil e chegou no calor do sudoeste da Ásia sem bagagem desnecessária.
RUMO ÀS ILHAS: FILIPINAS!
Ir para o outro lado do mundo pode incluir nadar com tubarões! Você se arriscaria? Olhe o que o Gustavo nos contou do seu intercâmbio passando pelas Filipinas:
“Chegar nas Filipinas foi uma diferença muito grande, não só pela temperatura, mas também pela paisagem natural que é lindíssima em contraponto com a infraestrutura que é muito precária. As cidades são muito pobres e as águas cristalinas. Mais barato que a China, aproveitei para fazer esportes aquáticos, usei snorkel pela primeira vez e nadei com tubarões-baleias (eles são pacíficos, rs)!”
Imagens em Coron e El Nido | Fotos: Gustavo K Leandro
A MAIS FAMOSA: BALI
Lembra do filme Comer, Rezar, Amar com a atriz Julia Roberts? Uma das 13 mil ilhas da Indonésia que foi palco para o filme também fez parte do itinerário de intercâmbio do Gus, a ilha Ubud. Além disso um dos lugares que conheceu foi a Monkey Forest (Floresta de macacos), sagrada e no meio da cidade.
“Uma energia surreal. Parece super estimado mas é maravilhoso! Ubud foi onde tive mais proximidade com a cultura local, eu adorei.”
A religião e a espiritualidade são muito fortes e marcadas no dia-a-dia com vários rituais como ofertas para os deuses em diversas alturas. Sendo as mais baixas para aquietar a alma dos espíritos e a mais altas para agradar aos deuses. Além de Ubud, conheceu outras como Canggu, Seminyak e Nusa Lembongan. Nessa última inclusive acabou pegando uma intoxicação alimentar e ficou muito fraco. Optou em voltar para Bali para poder se recuperar melhor.
Conheceu o Templo Pura Ulun Danu Bratan no norte de Bali, ia escalar um vulcão, mas ele entrou em erupção então visitou Yogyakarta e também pôde conhecer Malang, um lugar incrível.
“Malang é uma comunidade muito famosa por terem pintados os locais, virando um ponto turístico e ajudando a economia local. Ainda que simples, os moradores locais me disseram que com o aumento do turismo a infra estrutura melhorou, tudo ficou mais limpo, organizado e trouxe muitos benefícios para a comunidade. Que diferença que a cor pode fazer!”.
A TECNOLÓGICA: CINGAPURA
Cingapura ou Singapura é uma cidade-estado muito avançada em termos de arquitetura, muito tecnológica e multicultural. O complexo Marina de Bay é famoso pela maior piscina infinita do mundo que une os três prédios na cobertura. Além disso há uma coletânea em Cingapura com a vegetação do mundo inteira! E a união com a arquitetura árabe e oriental faz do local um ponto turístico muito interessante, apesar de mais caro que os outros locais, por usarem o dólar como moeda. Como intercâmbio também pode ser uma experiência muito rica!
Singapura: Gardens By the Bay e Marina Bay Sands ao fundo na segunda imagem | Fotos: Gustavo K Leandro
“Em poucos dias é possível conhecer a cidade porque é muito pequena. Apesar de uma arquitetura muito comercial é interessante porque são técnicas muito inovadoras. Enquanto estava em Cingapura decidi aproveitar e visitar a Malásia, que não estava nos planos!”
DOSE DUPLA: MALÁSIA E TAILÂNDIA
Gus foi para a Malásia em um ônibus noturno, por ser mais barato. Chegou na capital Kuala Lampur e em poucos dias conseguiu conhecer o que queria no local. Depois voou para a Tailândia, conhecendo Krab, Phi Phi Island e várias praias parecidas com as da Filipinas, muito bonitas e cheias de brasileiros! Muita festa na Tailândia e sua surpresa foi ao chegar na capital, Bangkok:
“Bangkok é insano e incrível… Que lugar legal, muita coisa para fazer!”
Além disso, Gus – sem programar – pegou CINCO comemorações importantes durante seu intercâmbio: o Ano Novo japonês, chinês, Ano Novo Lunar em Bali, Ano Novo em Bangkok e também no Camboja! As pessoas saíram para rua com baldes d’água para se divertir e ficam em festa por 3 dias, com eventos por toda a cidade e tudo muito barato! Além disso aproveitou para comer o prato Pad Thai que no Brasil é vendido a um preço salgado e que na viagem pagava cerca de 6 reais!
Batus Cave e Twin Towers, ambos em Kuala Lan Pur | Fotos: Gustavo K Leandro
Além disso tudo, a Tailândia tem muitos templos e a religião fica ainda mais evidente. Arquitetura ornamental, com muitos detalhes e uma beleza indescritível. São diversos templos em uma mesma cidade junto de edificações modernas e descoladas. E sim, o famoso tuktuk é o uber dos nossos amigos asiáticos, muito comum por lá!
O CONTRASTE ENTRE CAMBOJA E VIETNÃ
O visto para o Camboja foi feito na própria fronteira. Gus recomenda fazer pesquisas e ficar atento porque existem muitos casos de policiais corruptos que só aceitam passagem com propina e podem dar medo nos turistas. Mas também é um país com muitos templos (como o Angkor Wat) e com a questão da ancestralidade. Depois de Siem Reap foi para Phnom Penh, com um museu que conta a história do genocídio que ocorreu no local. Em todo o país existem indícios disso e em alguns lugares, com a movimentação do solo é possível ver até mesmo ossos e pedaços de roupas saindo do solo! Portanto é uma energia fortíssima mas também uma memória preservada no país para que isso não se repita no futuro.
Fotos em Angkor Wat – Siem Reep | Fotos: Gustavo K Leandro
Rumo à Ho Chi Minh, no Vietnã se surpreendeu com tantas coisas legais e divertidas na capital! Em contraste com a energia negativa do Camboja, o Vietnã também tem memórias da Guerra do Vietnã pela cidade mas é um local com pessoas alegres e muita coisa para conhecer. Também visitou Dalat (muitas obras em estilo europeu por ter sido governada pelos franceses), Hanoi, Ninh-Binh (local super calmo e que virou um dos seus favoritos na viagem!) e passou por Halong-Bay.
GOLDEN TRIANGLE E MYANMAR
Depois voltou para a Tailândia e conheceu o santuário de elefantes em Chiang-Mai, onde resgatam elefantes que são maltratados e cuidam bem deles. Gus também fala sobre a existência do rio que conecta a Tailândia, Camboja e Laos: o Golden Triangle.
Em Myanmar disse ter visto a pobreza mais evidente. Fez passeios pelo rio em Inle Lake e se surpreendeu com o calor em Bagan. A cidade é tão quente que só conseguia sair muito cedo ou à noite, pela pouca vegetação. Conheceu muita coisa de moto! Bagan também tem uma temporada de balões, mas não coincidiu com a viagem de Gus.
Bagan | Foto: Gustavo K Leandro
Inle Lake | Fotos: Gustavo K Leandro
Mingun e Templo Kakku Pagodas Complex | Fotos: Gustavo K Leandro
A ÚNICA: ÍNDIA
Apesar de toda a experiência vivida, esse era o maior medo de Gus em termos de choque cultural! O trânsito com vacas, tuktuks e a cidade (Deli) no geral é muito suja. Como ele disse:
“Tem que ir com a cabeça muito aberta. Foi muito especial pela comida que é muito saborosa mas a cidade é um caos. E também conheci o Taj Mahal logo cedo, vi o sol nascer e conhecer a maior história de amor de perto construída foi maravilhoso!”
Taj Mahal VAZIO! O sonho de todo turista | Foto: Gustavo K Leandro
O FINAL DA EUROPA: FRANÇA, ROMA E PORTUGAL
Definitivamente fora dos planos, a Europa foi um bônus que Gustavo decidiu pela volta mais barata. Pegar vôos até lá e depois para o Brasil era muito mais barato do voltar direto para casa! Com isso aproveitou a escala em Paris para conhecer alguns pontos turísticos e depois passou perrengues na Itália…
“Eu reservava todos os hostels com 1 dia de antecedência na Ásia mas na Europa eu teria que ter feito isso com muito mais antecedência então acabei gastando em 10 dias na itália o que eu gastaria para sobreviver 2 meses na Ásia, com muito conforto…”
Vaticano – Itália | Foto: Gustavo K Leandro
MAAT, Lisboa – Portugal | Foto: Gustavo K Leandro
Place du Trocadéro com Torre Eiffel ao fundo, Paris – França | Foto: Gustavo K Leandro
Muita comida em Roma, Florença, Pisa, Bolonha e terminar na romântica Veneza. Seus últimos dias foram recheados de cultura, comida e claro, comprinhas! O voo de volta teve escala em Portugal e aproveitou para conhecer o MAAT (Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia) em Lisboa.
PERRENGUE GERAIS
Algumas das experiências não tão legais de Gus incluíram cair de moto, perder o carregador do computador, perder o celular e os fones de ouvido (mas depois encontrou ambos), esquecer a mala no ônibus e ter que voltar de tuktuk para achá-la na central de coisas perdidas, não ter hotel em Florença e ficar arrastando a mala pela cidade, dentre outras…
CONSIDERAÇÕES FINAIS DO INTERCÂMBIO – DIFERENÇAS, HÁBITOS, FOTOS, ANCESTRALIDADE E SUPERFICIALIDADE
Dentre os 14 países visitados, se comunicou por vídeo com a família com frequência apesar dos fusos diferentes e viu realidades muito diferentes da nossa no Brasil. Acredita que cidades como Japão, Singapura e as maiores cidades da China têm uma infraestrutura, oferta de atividades muito bem desenvolvida e acessível à toda população que poderiam ser mais aplicadas aqui, além da sensação de segurança, particularmente no Japão, que Gustavo relatou ter sido muito forte independente do horário.
Ainda que mestiço, a bagagem cultural de Gus aumentou muito com sua viagem até pela dificuldade de conhecer muitas coisas sobre esses países na internet, diferente de se pesquisar sobre a Europa, por exemplo. O que ele mais trouxe em sua bagagem foi o interesse em consumir mais sobre a cultura asiática em filmes, projetos de arquitetura, tradições e na culinária!
Sanduíche muito tradicional do Vietnã – Ho Chi Minh City | Foto: Gustavo K Leandro
“Uma das coisas que eu mais sinto falta é a comida. Encontrei alguns restaurantes em São Paulo que se aproximam, mas não é a mesma coisa.”
Porém uma coisa chata foi que algumas pessoas só se interessavam em saber sobre fotos e quem tinha tirado, sendo que tinham muito mais coisa interessante além disso. Por outro lado, também muita gente interagiu no perfil @travel_gus enquanto ele viajava, perguntando sobre os lugares em que estava.
No entanto, sobre ter viajado sozinho, Gus disse que foi a melhor decisão dele!
“Mesmo nunca tendo viajado para fora do Brasil, foi uma experiência única! Havia um pouco de medo por ir para longe e nunca ter passado tanto tempo sozinho, mas sempre aproveitei minha própria companhia então não foi problema. E um ponto positivo de viajar sozinho é escolher o ritmo da sua viagem, mudar o roteiro de última hora ou pular algum lugar da lista. Sem contar que você conhece MUITA gente durante a viagem, então você fica mais aberto à novas amizades e a há uma troca mais interessante com pessoas de diversos lugares do mundo.”
Grupo do Intercâmbio em Estação de Ski na China | Foto: Gustavo K Leandro
Família que o acolheu durante o intercâmbio na Biblioteca Tianjin Binhai, China| Foto: Gustavo K Leandro
Para concluir, Gus disse que ir para fora do país abriu seu interesse sobre o próprio Brasil. Saber mais da nossa cultura, do nosso próprio país que passa despercebido e do que gostaria de conhecer, visto que vivemos em uma nação riquíssima, com culturas muito relevantes. Sendo assim, está nos seus planos uma viagem de Norte a Sul pelo país.
E você, conte para nós sua história de viagem! O que mais gostou da história do Gus? Estamos nas redes sociais como @ftcmag #ftcmag!