59 mil toneladas de roupas que não são vendidas nos EUA ou na Europa acabam no Deserto do Atacama, Chile, todos os anos
O Deserto do Atacama, no Chile, possui novas dunas se formando — não de areia, mas de roupas não vendidas das temporadas de moda de todo o mundo. Empilhadas, as peças de Fast-Fashion, do ano anterior e de linhas que não fizeram sucesso, geralmente são cheias de toxinas e corantes que não se biodegradam. O resultado: um desastre ambiental que tem sido amplamente negligenciado — até agora.
No total, cerca de 59 mil toneladas de roupas dos EUA ou da Europa acabam no Porto de Iquique, na zona franca de Alto Hospício, no norte do Chile, anualmente. Estas, são destinadas à revenda na América Latina, mas apenas 20 mil toneladas realmente circulam pelo continente.
Roupas não vendidas geralmente são queimadas, enterradas ou transportadas para o Chile
O que não é comercializado em Santiago ou contrabandeado e enviado para outros países permanece na zona franca. Não é responsabilidade de ninguém limpar e ninguém paga as tarifas necessárias para tirá-las do grande aterro sanitário formado no local.
Infelizmente, as roupas e acessórios ali podem levar centenas de anos para desaparecerem, (se é que deseparecem). Os aterros municipais não aceitam os têxteis por causa dos produtos químicos neles contidos, segundo o NY Post. Portanto, a enorme montanha de roupas e peças normalmente fabricadas na China e em Bangladesh literalmente cobrem as dunas em camadas e camadas. Entre os montes é possível achar bolsas, suéteres de Natal e até botas de esqui.
Embora o consumismo desenfreado, o trabalho infantil e as condições horríveis nas fábricas – sejam bem documentadas, o custo ambiental é menos divulgado e menos compreendido pela imprensa. A verdade, no entanto, é que a moda Fast-Fashion também usa uma quantidade ultrajante de água – algo do tipo de 7.500 litros para criar apenas apenas um par de jeans, por exemplo. Isto equivale ao que uma pessoa média bebe ao longo de 7 anos, segundo a Nações Unidas.
A produção de roupas dobrou
Globalmente, estima-se que 92 milhões de toneladas de resíduos têxteis são gerados a cada ano. De acordo com um relatório da ONU de 2019, a produção global de vestuário dobrou entre 2000 e 2014.
Algumas empresas começaram a pensar em como reutilizar a matéria-prima ali parada. O ideal seria um modelo que não comprometa os valores éticos, sociais e ambientais e envolva os clientes, em vez de incentivá-los a comprar cada vez mais tendências em constante mudança.
O QUE PODEMOS FAZER? 5 DICAS PARA UM CONSUMO MAIS SUSTENTÁVEL
Em vez de mudar nossos guarda-roupas e estilo com as tendências de cada estação ou consumir cada vez mais, selecionamos algumas dicas e atitudes que podem ajudar a desacelerar isto. Confira:
1 – COMPRE DE BRECHÓS
Nessa busca por um consumo de moda mais consciente, lojas de roupas usadas e os brechós on-line estão cada vez mais em alta, como explicamos e demos dicas neste artigo da mybest Brasil. Nestes lugares podemos achar verdadeiros tesouros, além do custo-benefício.
2 – VALORIZE A PRODUÇÃO LOCAL
Procure comprar também de pequenos empreendedores, fabricantes éticos e ou pessoas que criem sob demanda. Assim, você também evita desperdícios.
3 – PRIORIZE PEÇAS DURÁVEIS
Conheça a origem das roupas que consome. Pense em adquirir peças mais duradouras e adotar outras práticas verdadeiramente sustentáveis no seu dia-a-dia.
4 – CUIDE BEM DO QUE VOCÊ TEM
Cuide bem das roupas e acessórios que você já tem. Como já disse a ícone da moda Vivienne Westwood: “Compre menos; escolha bem; faça durar”.
5 – EVITE TECIDOS DE MICROFIBRAS
Esse tipo de tecido pode acabar poluindo os oceanos e é mais difícil de limpar, porque as partículas de microfibra são muito pequenas. Use tecidos e fibras orgânicas como algodão, fibras de abacaxi, de bambu, garrafa-pet.
Somente mudando nossas mentalidades em vez de nossas roupas seremos capazes de efetuar mudanças reais. Caso contrário, as dunas do deserto do Chile continuarão a crescer.
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