Louis Renard livro peixes
Louis Renard livro peixes
Art Attack

Fantástico e curioso livro de 1719 traz as 1ª ilustrações coloridas do mundo sobre a vida marinha

Louis Renard fez um trabalho extraordinário para mostrar a vida marinha das Índias Orientais em uma época em que a natureza daquela área era desconhecida na Europa. Mas para conseguir isso… confira! 

Peixes, lagostins e caranguejos, de várias cores e formatos. Figuras extraordinárias, que se encontram nas ilhas Molucas (atualmente Indonésia) e nas costas das Terras do Sul (Poissons, ecrevisses et crabes). Esse é o nome de um livro que traz pela 1ª vez ao mundo, de maneira colorida, as diversas espécies de peixes e outros seres marinhos raros encontrados no Mar Indiano.

O compilado mostra a história natural e curiosidades incomuns encontradas no Mar Índico, criado no início do século 18, por um editor, livreiro e aparente entusiasta da biologia marinha Louis Renard. O volume contém mais de 450 espécies reproduzidas em tons vibrantes que, apesar de anatomicamente precisas, apresentam enfeites com muitas cores e características além das originais. É difícil até acreditar que as pinturas de Louis Renard foram publicadas em 1719.

De bocas com formato de bico a escamas com padrões extraordinários, as ilustrações são bizarras e às vezes psicodélicas. Um dos desenhos mais fantásticos até retrata uma sereia (mostrada abaixo). O livro supostamente mostra a vida marinha das Índias Orientais em 1719, quando a Europa sabia muito pouco sobre a natureza daquela região. Os peixes do livro e outras espécies receberam então uma certa licença artística do escritor, e 9% dos desenhos são completamente fictícios. 

Surpreendentemente, Louis Renard criou essas pinturas sem nunca sair da Holanda ou visitar o Oriente. Ele se baseou e copiou desenhos e notas científicas de outros artistas, como Samuel Fallours, um soldado e pintor holandês que morou em Ambon, Indonésia e de Van der Stael, governador das ilhas Molucas. O melhor de tudo isso é que uma cópia digital da obra de Renard está disponível na Biblioteca do Patrimônio da Biodiversidade, em um arquivo de domínio público. A biblioteca acredita até que o artista se identificou como um agente secreto da coroa britânica como forma de vender mais cópias de seu trabalho.

PRIMEIRO LIVRO PUBLICADO EM CORES SOBRE PEIXES

O título foi publicado em três edições, e apenas 16 cópias da impressão inicial, feitas entre 1718 e 1719, são conhecidas. Restam 34 cópias da segunda versão de 1754 e restam apenas 6 livros da terceira impressão de 1782.

Você pode percorrer todo o compêndio na biblioteca digital e até curtir as ilustrações fora da tela ao fazer o download delas gratuitamente, criar pôsteres (uso pessoal) como por exemplo, com o tema peixes 201-204, em que temos um Bazuin, que significa trombeta em holandês – o que é apropriado, já que os lábios do peixe parecem franzidos e prontos para tocar uma trombeta; Louis Renard 173-175, com três peixes muito coloridos, especialmente o peixe arco-íris do meio, WaKum Mare; desenhos de peixes antigos 1-8, com 8 pequenas ilustrações de peixes exóticos com nomes exóticos de Terkoekoe a Parringa; e muito mais.

Para baixar as pinturas de peixes antigos, basta escolher sua preferida no site da biblioteca ou no Flickr e baixar em uma resolução maior. Você pode imprimir ou salvá-la como referência. Legal, não? 

Ao todo são 415 peixes, 41 crustáceos, dois bichos-pau, um dugongo (mamífero ‘primo’ do peixe-boi) e uma sereia .

Mockup do pôster por Picture Box Blue

LOUIS RENARD, AGENTE SECRETO DA COROA BRITÂNICA?

Se este artigo não despertou sua curiosidade o suficiente, não vamos esquecer o aspecto do “agente secreto” mencionado anteriormente! Qual seria a história por trás dessa afirmação? De acordo com Mai Reitmeyer, bibliotecária de serviços de pesquisa do American Museum of Natural History, Louis Renard foi contratado por George I e George II para pesquisar “navios que partiam de Amsterdã para evitar que as armas chegassem a James Stuart, o católico romano conhecido como ‘ O Velho Pretendente’ ao trono britânico”. A obra, com certeza “nos dá um vislumbre intrigante de como era a ciência no final do século XVII e início do século XVIII”, completa Mai.

Fantasia, intriga e ciência. Como não amar toda a história de Peixes, lagostins e caranguejos (Poissons, ecrevisses et crabes)

Via/ Via/ Via. Imagens: Reprodução/ Public Domain