Art Attack

As Formas, Cores e Mandalas de Andréa Tolaini

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Andréa Tolaini é uma ex-publicitária que ama formas, cores e imagens. Para ela, a beleza é uma forma de olhar. Então, de certa forma, acha que tudo tem sua beleza. Um belo dia, Andréa resolveu dar outro rumo a sua vida profissional através das artes visuais. O principal projeto hoje da artista é o Mandala de Nós, que busca a essência das pessoas através da pintura de mandalas e proporcionar algo além da decoração, o reconhecimento de si. Um caminho para o autoconhecimento.

Quando a pintura fica pronta, é inevitável a surpresa e emoção das pessoas ao se verem de uma forma que nunca imaginaram se enxergar. A partir disso, entendem aspectos pessoais de uma forma menos racional, e mais sutil. Mas, como tudo isso funciona? Como Andréa começou esse trabalho? Conversamos com ela para saber mais sobre suas inspirações:

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“Trabalhei por um bom tempo em agencias ligadas a comunicação, mas sempre senti que uma hora meu caminho iria sofrer uma transformação grande. Até porque eu via que muito do que fazia não carregava nada sobre mim. Não carregava a minha essência e para mim isso foi se tornando cada vez mais vazio.

Em 2011, essa vontade de abandonar tudo apertou bastante. Fiquei ainda até o final do ano na agência que eu trabalhava e joguei tudo pro ar no final do ano. Aí começou minha saga dentro das artes visuais. 2012 foi um ano muito difícil depois desta decisão. Me sentia completamente perdida e não tinha a menor ideia de que caminho profissional percorrer. Fui ficando sem grana e comecei a pegar uns freelas de comunicação. Um deles foi um trabalho de estratégia de comunicação para o Instituto Brincante. E foi muito bom passar por lá, pois eu vi o que é trabalhar com a verdade.

Ainda numa fase bem ruim emocionalmente, mas vendo que eu não tinha mais como recuar, eu peguei minha poupança e fui me jogar numa viagem para Londres onde fiquei por 6 meses. A minha ida para lá tinha a intenção de me olhar de fora do meu contexto. Me olhar sem influências familiares, ou da minha cultura. Me buscar no que eu realmente sou.

Lá eu fiz diversos cursos ligado a artes visuais. Porque de alguma forma o desenho e as cores sempre me chamaram uma atenção fora do comum. Me emocionaram. Acho também que por eu ter convivido 24 anos da minha vida ao lado da minha mãe, já falecida, que era artista plástica, eu sempre tive esta forte ligação com as artes visuais e sempre prestei muita atenção em como minha mãe olhava o mundo.

Enfim, em Londres percebi que as pessoas não tinham medo de viver o que acreditavam. Elas tinham ideias e executavam. É uma cultura muito menos travada e preconceituosa do que a nossa, brasileira. As pessoas acreditam em seus potenciais e a arte tem um respeito muito maior.

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Juntando todos os cursos que fiz, mais este exemplo de atitude dentro daquela cultura, eu voltei para o Brasil decidida a seguir como artista visual. Mas sem a menor ideia por onde começar! Sai da casa do meu pai, onde morava desde sempre. Então em 2013 me mudei para a Casa Ateliê, onde moro e trabalho hoje. Comecei a fazer dezenas de experiências artísticas todos os dias. Entrei na Escola Panamericana de Artes e fui abraçando cursos e vivências que apareciam dentro das artes.

Um belo dia sonhei que eu desenhava uma mandala gigante em uma praia com muitos amigos meus junto. Mas aquilo tinha um valor muito grande para o universo. Não era só um desenho. Um sonho muito forte. No dia seguinte liguei para alguns amigos e comecei a pintar uma mandala na parede da minha casa. Chamei alguns amigos para colorir ela assim como eu via no sonho. Durante este processo que durou alguns dias eu fui postando imagens no meu Facebook e foram aparecendo pessoas amigas querendo que eu pitasse uma mandala em suas casas.

A coisa foi crescendo, os pedidos aumentando e eu não parei desde lá de pintar. Hoje eu tenho fila de entrega. E isso me deixa numa alegria que nem acredito. Por isso no vídeo (abaixo) eu falo que a um pouco mais de um ano atrás não imaginava este lugar que estou. Isso era muito distante.

Hoje trabalho com o que amo, com as cores. Elas me ensinam muita coisa todos os dias. É uma troca onde eu entrego um símbolo lindo e de grande valor energético para as pessoas e elas me entregam histórias, amizades verdadeiras, relações profundas. Além de todo o aprendizado que tenho sozinha aqui na minha casinha ateliê! Todo dia aprendo muita coisa pintando. Coisas sobre mim, sobre os outros e sobre a vida.”

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FTC: Como foi deixar as agências de publicidade para se dedicar a arte? 

Andréa: Me sinto ótima e não me arrependo nenhum dia da vida.

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FTC: Qual a lição que você tirou da rotina doida de agência e que reflete no seu dia a dia hoje? 

Andréa: Puxa, eu sou muito grata a publicidade e as agências que trabalhei. Me ensinaram métodos de trabalho, estratégia. Hoje vejo que se consigo fazer com que meu trabalho chegue em mais olhos e bocas por aí, e com certeza eu devo muito disso ao meu percurso profissional dentro da comunicação.

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FTC: Com o que você se inspira?

Andréa: Me inspiro principalmente na natureza. Todos os dias olho para as árvores, para as flores e a cada dia elas mudam seus tons de cores e suas formas. A arte me ensina muito sobre cor e sobre impermanência. Outra coisa que muito me inspira é a música, mas esta não conseguiria explicar racionalmente.

De alguma forma a música guia as minhas mãos e meu pensamento enquanto pinto. Ela me acompanha sempre. Sempre baixa, mas sempre comigo. E por último e não menos importante, o que me inspira são as pessoas. As relações e como as pessoas são diferentes umas das outras. Como elas se manifestam no mundo, como cada uma encontra suas formas de se expressar. Acho lindas as pessoas.

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FTC: Existe um por quê de você ter começado a se expressar através das cores? E o que te fez ir para as mandalas?

Andréa: As cores dizem coisas que ninguém nunca dirá com palavras. Elas expressam coisas que acontecem em um lugar de nós que a gente não conseguiria entender com facilidade. São verdadeiras terapeutas. Através delas é possível colocar muitas coisas ocultas nossas para fora e deixar mais claro para a gente e para os outros também.

As mandalas sempre rondaram minha vida rs! Uma hora eu teria que me render a elas. É um símbolo de grande força. De grande conexão. Tem o poder de nos centrar, de nos colocar em contato com nossas essências. É um símbolo que carrega muita anscestralidade, muita história, e muita espiritualidade. Muitas culturas e religiões adotaram as mandalas afim de colocar seus povos em contato com suas essências. Para mim, é uma forma de eu colocar meu potencial criativo para fora e ter a possibilidade de distribuir o bem.

Fazer bem as pessoas. Desde o início das minhas dúvidas profissionais eu rezava muito. Chamava meus guias espirituais e pedia o seguinte “Meus queridos guias, me mostrem um caminho profissional que seja alegre para mim, que eu faça com amor e vontade, que eu coloque todo meu potencial criativo para fora, que eu, através dele faça um bem para o universo, e que eu ganhe o suficiente para eu viver confortavelmente”. E assim tem sido desde minha caminhada com minhas amigas mandalas.

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FTC: O que as cores representam no seu trabalho e na sua vida?

Andréa: As cores são a forma onde eu pude colocar para fora, muitos processos meus que nunca compreendi racionalmente. Elas me permitem trabalhar coisas muito duras de uma forma acolhedora e linda. Com elas minha conversa é diária. Temos um contato profundo, somos íntimas amigas. Eu as respeito como grandes mestras da minha vida. As cores me fazem conhecer melhor as pessoas e a mim mesma.

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FTC: Alguns sites, 1 filme, 1 livro que definem um pouco de você.

Andréa: 3 sites: ArtpeopleRadio Viva Zen – são estes os que mais gosto. Filme: Into the wild / Na natureza selvagem e 1 livro: Mulheres que correm com os lobos.

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FTC: Uma frase que vc carrega para a vida.

Andréa: “Aguarde. Confie. Faça sua parte. Você encontrará o seu próprio caminho”.

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O mini doc abaixo, Colors in Motion, feito por Natalia Castro e Danilo Lima retrata de forma resumida, o trabalho da artista: