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Juan de La Rica: “Gosto da possibilidade de geometrizar o orgânico”

Como um bom fã de cinema, Juan de La Rica diz estar mais interessado na arte como forma de expressão, do que o próprio tema a ser explorado. Suas obras são um reflexo das múltiplas camadas que permeiam a essência humana. São retratos, cenas mitológicas e religiosas, animais, natureza morta, o urbano; imagens figurativas que nos convidam a embarcar em sua jornada multicolorida e cheia de imaginação.

Nascido em Bilbao, 1979, formado em Belas Artes, com especialização em pintura, De la Rica tem como característica de seu trabalho a geometria e o cromatismo saturado. Sobre tela ou papel, mistura linhas sintéticas e limpas com um toque de humor, sempre em busca de uma narrativa, onde haja espaço para a livre interpretação.

Juan de La Rica: Pinturas como narrativas

O artista conta que desde criança é fascinado pelo mundo da criação. Como é de poucas palavras, viu na arte uma forma de expressão. Hoje entende que suas imagens são como narrativas, contam histórias atemporais, mas sem necessidade das palavras; e têm por si só uma força brutal, independente do que contem.

Não há nenhum tema que me interesse especialmente em relação a outros. O que realmente me interessa é a pintura em si, a capacidade de gerar imagens através de formas e cores, e como ao longo da história fizeram isso para representar as coisas.

Juan de la Rica

Cores planas e saturadas, linhas sintéticas limpas

Juan gosta de arquitetura e da possibilidade de geometrizar o orgânico. Trabalha sozinho em seu estúdio e sempre com música. Não dispensa a ironia em suas figuras. Longe de buscar o realismo, tem utilizado bastante tinta à óleo para pinturas em duas dimensões; o volume, é gerado a partir de um jogo intuitivo de luzes e sombras.

Cada uma de suas obras é feita de forma independente e autônoma. Diz que é mais apropriado entender toda a sua carreira como um continuum, por isso, não trabalha por projetos. Enxerga cada pintura como um próprio projeto em si, independentemente das demais. E apesar de, obviamente, haver coerência entre elas, deixa claro que não há coerência suficiente para falar de “séries”.

Tecnicamente talentoso, suas criações parecem se equilibrar às margens da ilustração, dos movimentos de vanguarda do início do século XX, do design gráfico e até mesmo da ilustração digital. Mas, para ele, o que realmente importa é se as obras dizem alguma coisa, emocionam de alguma forma, sem que seja explicada objetiva ou racionalmente.

Lembro da cena em Sociedade dos Poetas Mortos, quando Robin Williams ordena a seus alunos que arranquem as páginas de um livro onde um cara propunha uma forma de medir a qualidade da poesia. A História da Arte, a teoria, o discurso, a técnica… não importam nem um pouco. No final das contas, a única medida que temos é se aquilo que está na sua frente lhe diz algo ou não lhe diz nada.

Juan de la Rica

Saiba mais sobre o trabalho de Juan de La Rica em seu site e acompanhe o artista em seu Instagram.