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Moda Digital: Agora ficou fácil sentar na 1ª fileira de um desfile. E qual o possível futuro?

As semanas de moda de Londres, Paris, NYC e Milão costumam agitar, e muito, as redes sociais de celebridades, a indústria do turismo e, claro, a da moda. Bom, pelo menos era assim até 2020. Devido à recente pandemia causada pelo Covid-19, as grandes maisons como Chanel, YSL e Dior foram impedidas de seguir o calendário fashion.

Que o isolamento social afetaria a forma como consumimos moda, nós já sabíamos. A novidade aqui é como os gigantes da moda optaram por explorar formas alternativas para apresentar suas coleções.

No inicio do ano, ainda nos estágios iniciais do Covid, a semana de moda de Londres buscou formas de se tornar digital, ainda que precariamente, e, de forma considerada pelos especialistas, “experimental”.

A London Fashion Week, além de digital, trouxe um desfile de gênero neutro, o 1º a ser feito no mundo. S / S20 de Richard Quinn

Mais recentemente, a Semana de Alta Costura francesa optou por um formato totalmente digital onde a grande maioria das marcas fez live streamings através do site oficial e até do Instagram com vídeos previamente gravados.

A Chanel, sempre a frente do seu tempo, foi uma das primeiras grandes marcas a prever um desfile virtual. E bem no inicio do ano, apresentou sua coleção resort 2020 através do Instagram. O evento, no entanto, não atingiu o alcance desejado. A imprensa, na época, afirmou ausência de emoção. 

Ainda assim, a tendência da moda é se moldar pelo digital cada vez mais. A repercussão de “desfile evento” como os da Louis Vuitton e da gigante Dior na Semana de Alta Costura de Paris foi um pouco melhor. Mas ainda assim, parece faltar algo. A organização do calendário de moda parisiense garante que a temporada de pret-à-porter de verão, em setembro, voltará a acontecer fisicamente, respeitando as regras oficiais da época. 

O FUTURO DAS MARCAS DE LUXO

O que tem acontecido agora são consumidores que buscam marcas que tem uma atitude mais ética e crescente interesse em compras e produtos que tem maior permanência. As marcas de moda portanto estão se reposicionando a longo prazo e repensando a experiência que surge de uma pandemia. As marcas de luxo se alinham com a abordagem de moda slow, tentando se adaptar ao calendário tradicional da moda e reduzindo as coleções.

Alessandro Michele, diretor criativo da Gucci, anunciou em uma entrevista coletiva virtual em 25 de maio que a marca italiana ficará sem estação e reduzirá o número de desfiles. Além disso, a marca lançou a Gucci Circular Lines, que visa usar materiais regenerados que são reciclados e sustentáveis.

A coleção da Gucci como parte da iniciativa Gucci Circular Lines. Fotografia por Harmony Korine. Cortesia de Gucci

Em junho, o estilista americano Michael Kors também disse que produzirá apenas duas coleções por ano e mostrará em sua própria programação. A casa de luxo francesa Saint Laurent optou por sair da Paris Fashion Week em setembro de 2020, afirmando que assumiria o controle de seu próprio calendário

Anna Wintour compartilhou seus pensamentos com a CNBC em maio, dizendo que a pandemia proporcionou uma oportunidade para a indústria da moda repensar, “desacelerar e produzir menos”.