Arquitetos explicam como trabalhar a circulação dentro de casa

Arquitetos explicam como trabalhar a circulação dentro de casa

Dicas fundamentais de como podemos aproveitar os espaços para um layout harmonioso e uma circulação fluida no projeto

Neste projeto assinado pelo escritório Fibra Arquitetura, a otimização do projeto da cozinha promoveu uma circulação confortável para os moradores. | Foto: Rodrigo Silveira

Organizar um novo ambiente em casa requer planejamento: móveis, acabamentos, espaço, decoração… tudo precisa estar em harmonia para que promova conforto, um visual agradável aos olhos de moradores e visitantes, além da sensação de amplitude. Na arquitetura de interiores, padrões de medidas para a circulação, em todos os ambientes do projeto evocam parâmetros importantes para a organização do espaço.

Para os arquitetos Camila e Renan Pinotti, à frente do escritório Fibra Arquitetura, essas diretrizes são primordiais para conduzir as decisões e escolhas dos mobiliários. “Não adianta adquirir um modelo determinado de sofá se no final das contas ele travar o espaço da sala”, relaciona Camila. Confira dicas a seguir:

MEDIDAS

A circulação pode variar de acordo com cada cômodo e tamanho dos móveis que estarão dispostos. Por este motivo, o primeiro passo é ter em mãos as medidas exatas do espaço para calcular a colocação dos mobiliários e as folgas dedicadas para a circulação.

Nas cozinhas, a circulação mínima deve ser de 90 cm, um espaçamento adequado para assegurar que duas pessoas transitem ao mesmo tempo. “Enquanto um morador está lavando uma louça na pia, o outro pode passar para pegar um item no armário”, exemplifica Camila Pinotti. Na contagem dos espaços também estão o vão para abertura do forno, bem como geladeira, portas e armários.

Em um corredor, a medida sugerida é de 80cm, todavia, em residências como moradores que apresentem mobilidade reduzida, é recomendável conceber uma metragem a partir de 90 cm.

No dormitório, é primordial uma distância adequada ao lado da cama. Além de incluir o móvel lateral, o morador pode caminhar sem a preocupação de esbarrar no espaço que compreende a parede e cama | Foto: Vitor Fontes e Dennis Fidalgo

Além do deslocamento tranquilo pela casa, calcular a circulação implica em evitar acidentes – que podem ser desde esbarrões até situações mais graves. No dormitório, a posição dos armários pode ocasionar situações de desconforto e perigo. “Muitos se esquecem de considerar o espaço para a abertura das portas ou gavetas internas”, revela Camila. Levando em consideração que a regra qualifica uma distância mínima de 60 cm entre na cama e guarda-roupa, uma metragem inferior trará incômodo para que o morador possa utilizar o armário. “Se possível, essa distância ainda deve ser acrescida de 20 a 30 cm”, diz a arquiteta, que igualmente indica uma referência de 60 cm na circulação entre as laterais da cama.

Para a comodidade dos proprietários e dos visitantes, uma listinha de pontos garante o bom resultado do layout da sala de estar. Pensando no combo sofá + poltronas + mesinhas laterais, 40 cm é a distância recomendada. Para quem está sentado no sofá, 70 cm é a orientação para alcançar a mesa de centro sem a ocorrência de trombadas nas quinas. “Em projetos pequenos, estudamos abrir mão de algum desses itens. A adaptabilidade é essencial”, relata Renan.

Engana-se quem pensa que as distâncias orientadas pela arquitetura de interiores estão vinculadas apenas à circulação. No tocante a TV na sala, o conforto visual está em jogo e o tamanho do equipamento eletrônico será a informação que direcionará o intervalo entre sofá e rack. “A conta aqui é pautada no cálculo entre as polegadas da televisão multiplicadas por 2,5 e depois por 3,5. O valor nos indicará qual será essa distância”, indica Renan. “Por isso, não adianta sonhar com uma televisão demasiadamente grande se a sala for pequenaO ideal é calcular antes de efetuar a compra”, acrescenta Camila.

RELAÇÃO LARGURA X ALTURA

O arquiteto Renan aborda a importância de observar a harmonia entre largura e altura, que por sua vez resultará na proporção ideal de espaço. “Locais amplos, tendem a registrar a proporção de 2/1. Ou seja, uma sala pode ter 6m de largura e 3m de pé direito”, explica. Para alcançar o equilíbrio, é indicado manter a razão entre 2/1 e 1/1.

Renan exemplifica: “se a sala apresentar 2,7m de largura e um pé direito de 2,50m, teremos um ambiente visualmente agradável. Entretanto, cômodos menores, de 1/1 até 1/3, se configuram como mais estreitos e, assim, mais indicados para banheiros e corredores. Um corredor com 0,8m de largura com 2,40m de altura está no limite dessa proporção”, detalha.

PLANEJAMENTO

Quem nunca se viu diante do impulso de comprar um móvel sem antes conferir se ele caberá no espaço pretendido? Camila e Renan são unânimes em afirmar que a maneira mais tranquila de repaginar um ambiente é contar com a assistência de profissionais que dominem todas as referências para projetar e orientar a aquisição do mobiliário que atenda às necessidades do cliente e as restrições do espaço. “Na execução de um projeto, levamos em conta as passagens de cada ambiente, os principais equipamentos e mobiliários, além de ouvirmos as principais ideias dos moradores a fim de alinhar as expectativas”, informa Camila.

Neste projeto, a cozinha integrada com a sala de estar mantém um espaço interessante entre a mesa e a janela. O resultado é bem confortável! | Foto: Vitor Fontes e Dennis Fidalgo

CRIATIVIDADE

Os mobiliários podem ser aliados na estratégia de ampliar a circulação. Em imóveis pequenos, a marcenaria planejada provê soluções que móveis soltos não conseguiriam trazer. “Em aptos com 40m², é impensável não considerar a marcenaria sob medida, que nos ajuda a resolver questões como a falta de espaço e organização”, detalha Camila. Armários e prateleiras instalados acima das portas (e fora do olhar) e a substituição de uma porta de abrir por um modelo de correr também são formas de liberar a circulação.

PARA LEMBRAR: Com a Covid-19, é importante também dar atenção para a ventilação natural nos ambientes, para a circulação, não só das pessoas, como do ar nos ambientes, e evitar espaços muito fechados.

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