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Francis Kéré é o 1º arquiteto negro a receber o Prêmio Pritkzer 2022

Profissional nascido em Burkina Faso é o 1º arquiteto negro a receber o prêmio

Diébédo Francis Kéré é um arquiteto africano conhecido por assinar obras que trabalham com sustentabilidade, material de baixo custo e mão de obra que visa desenvolver uma forte parceria com as comunidades para as quais constrói.

Em seus trabalhos, Francis sempre demonstra sensibilidade especial ao local e às condições, sociais, econômicas e climáticas. Ao se dedicar a criar propostas que melhoram as condições de vida das pessoas como na África, o educador e ativista nascido em Burkina Faso, ficou reconhecido mundialmente por “empoderar e transformar comunidades através do processo da arquitetura”.

Naaba Belem Goumma, nas montanhas de Beartooth, Montana, EUA, permite experimentar uma espécie de “chuva de luz” à medida que os raios de sol permeiam a estrutura da cobertura feita de trocos de madeiras locais reaproveitadas

FRANCIS KÉRÉ LEVA A MAIOR HONRA DA ARQUITETURA

Nascido na pequena vila de Gando, Kéré é o 1º arquiteto negro a ganhar o cobiçado prêmio de arquitetura. Elogiado por ir além dos limites do campo disciplinar, o 51º vencedor do prêmio sucede Anne Lacaton e Jean-Philippe Vassal.

Estabelecido pela Fundação Hyatt em 1979, o Prêmio Pritzker é concedido a arquitetos cujo trabalho demonstra uma combinação de talento, visão e compromisso.

“Espero mudar o paradigma, levar as pessoas a sonhar e arriscar. Não é porque você é rico que você deve desperdiçar material. Não é porque você é pobre que você não deve tentar criar com qualidade”, diz Francis Kéré. “Todo mundo merece qualidade, todo mundo merece luxo e todos merecem conforto. Estamos interligados e as preocupações com clima, democracia e escassez são de todos“.

Burkina Institute of Technology (BIT): as paredes foram feitas em barro local vazado e moldado. Este método inovador deu vida à construção que precisava ser concluída dentro de um prazo apertado. Imagem de Francis Kéré

O júri de 2022 do Prêmio cita: “Qual é o papel da arquitetura em contextos de extrema escassez? Qual é a abordagem correta para a prática quando se trabalha contra todas as probabilidades? Deve ser modesto e correr o risco de sucumbir a circunstâncias adversas? Ou a modéstia é a única maneira de ser pertinente e alcançar resultados? Devemos ser ambiciosos para inspirar mudanças? Ou a ambição corre o risco de estar fora de lugar?

“Francis Kéré encontrou maneiras brilhantes, inspiradoras e revolucionárias de responder a essas perguntas nas últimas décadas. Sua sensibilidade cultural não apenas oferece justiça social e ambiental, mas orienta todo o seu processo, na consciência de que é o caminho para a legitimidade de um edifício em uma comunidade. Ele sabe, a partir de dentro, que a arquitetura não é sobre o objeto, mas sobre o objetivo; não o produto, mas o processo.”

Instalação Sarbalé Ke no Coachella: 12 torres coloridas fazem referência aos baobás de sua aldeia nativa da África Ocidental de Gando, Burkina Faso. Imagem: Iwan Baan
Serpentine Pavilion, 2017: Inspirado na árvore que serve como ponto de encontro central para a vida em sua cidade natal em Gando, Francis projetou um Pavilhão responsivo que busca conectar seus visitantes à natureza – e uns aos outros. Imagem: Iwan Baan

SOBRE SEU ESTILO DE TRABALHO

Nascido em Burkina Faso, seus pais insistiram que seu filho fosse educado. Francis passou a estudar arquitetura em Berlim. Repetidamente, ele, de certa forma, ele voltou às suas raízes. Se baseou em uma formação e trabalho arquitetônicos europeus, combinando-os com tradições, necessidades e costumes de seu país.

Desde sempre esteve determinado a trazer os recursos da educação de uma das principais universidades técnicas do mundo de volta à sua terra natal e a fazer com que isso elevassem o know-how, a cultura e a sociedade de sua região.

Escola Primária em Gando: o projeto usa materiais locais, tecnologia simples e artesanal como a taipa de pilão e mão de obra local

Ele então desenvolveu uma abordagem sensível e de baixo para cima em seu abraço à participação da comunidade. Ao mesmo tempo, não tem problema em incorporar o melhor tipo de processo. Sua perspectiva local e global vai muito além da estética e das boas intenções, permitindo que integre o tradicional com o contemporâneo.

Biblioteca e extensão da Escola em Gando. O teto é o grande destaque pois usa panelas de barro produzidas localmente. Tradicionalmente construídas à mão pelas mulheres da vila, as panelas de barro foram serradas ao meio e depois colocadas na cobertura

O trabalho de Francis Kéré também nos lembra a luta necessária para mudar padrões insustentáveis de produção e consumo, à medida que há um esforço para fornecer edifícios e infraestrutura adequados para bilhões de necessitados. Ele levanta questões fundamentais sobre o significado de permanência e durabilidade da construção em um contexto de constantes mudanças tecnológicas e de uso e reutilização de estruturas.

Como a arquitetura hoje pode refletir e atender às necessidades, incluindo a estética, dos povos de todo o mundo; como a localidade se torna uma possibilidade universal. Em um mundo em crise, em meio a valores e gerações em mudança, ele nos lembra do senso de comunidade, que ele mesmo é capaz de contar, com compaixão e orgulho. Nisso, Francis fornece uma narrativa na qual a arquitetura pode se tornar uma fonte de felicidade e alegria contínua e duradoura para todos.

“Não copie o Ocidente e aprenda das suas próprias tradições.”

sugere Francis Kéré para arquitetos brasileiros

Atualmente o arquiteto atua simultaneamente em Burkina Faso e na Alemanha.

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