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Cerveja Feminista chega para ser um “puxador de conversa”

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Na semana anterior ao carnaval, as campanhas de cerveja geraram polêmica e o mundo descobriu o que as feministas já sabem faz tempo: a publicidade de cervejas é predominantemente machista. Da vontade de continuar esta conversa sobre o papel da mulher na propaganda surgiu a Cerveja Feminista. Mais que uma bebida, ela é um iniciador de conversas, já que nada melhor que uma cerveja para fazer o papo rolar solto.

A cerveja se posiciona como “para homens e mulheres” em busca de desfazer mitos sobre o feminismo. Não é o contrário de machismo, é sobre igualdade entre os gêneros, no qual mulheres e homens devem ter direitos iguais.

A iniciativa surgiu de um grupo de ativismo criativo, o 65 | 10, formado pelas publicitárias Thais Fabris, Larissa Vaz e Maria Guimarães, e contam com o apoio dos arquitetos e cervejeiros Marilia Hamada e Otávio Dornelas para a produção.

O 65 | 10 é um núcleo de ação criado para repensar o papel das mulheres na publicidade, tanto dentro das agências quanto nas campanhas. O nome do grupo nasce de 2 números: 65% das mulheres não se identificam com a publicidade feita pra elas e, na criação das agências, só 10% dos profissionais são mulheres.

O que elas esperam? Mudança de atitude. A ideia é gerar debate sobre a representação da mulher na publicidade de cerveja e, literalmente, colocar o feminismo na mesa.

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Conversamos com Thais Fabris, uma das criadoras, para saber um pouco mais sobre o primeiro projeto:

FTC: Thais, queria que você falasse um pouco sobre como e por que surgiu a ideia da Cerveja Feminista. 

Na semana anterior ao carnaval aconteceu toda aquela polêmica com Skol. Isso fez com que conversas sobre feminismo virassem trending topic nas agências de publicidade. Como nós temos esse grupo ativista, o 65 | 10, várias pessoas nos procuraram para entender o tema. Achamos uma oportunidade ótima de continuar a conversa e surgiu a ideia de criar uma cerveja (isso porque tenho amigos que fazem cerveja e toparam ajudar nessa parte técnica) para manter o assunto rolando.

FTC: Por que uma cerveja? 

A publicidade de cerveja, para nós, é o maior exemplo de representação da mulher. Objetificação, mulher bonita e burra, mulher dependente, assédio liberado, todos os estereótipos que queremos combater estão lá. 

FTC: Como foi o processo de criação? 

Foi tudo muito rápido: em 3 dias criamos a marca e subimos o site. Aí ajustamos durante o carnaval e começamos a divulgar na quarta-feira de cinzas. A gente diz que o projeto nasceu prematuro, mas tinha que ser assim para viver. O mais incrível foi o que aconteceu a partir daí: começou um processo de co-criação com grupos de feministas e publicitários, que criticaram, palpitaram e ajudaram a construir. Hoje a Cerveja Feminista não é mais nossa, é de uma galera. E está aberta a mais contribuições, sempre.

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FTC: Onde querem chegar com o projeto? 

Nós temos muita coisa por vir ainda. Esta é uma fase de pré-lançamento. Para o lançamento, teremos debates, mesas redondas, vídeo-manifesto, tudo que for ajudar esse debate a chegar onde ele tem que chegar: nas pessoas que decidem sobre a publicidade que vemos todos os dias. Somos ambiciosas: queremos mudar a mentalidade do mercado e mostrar a responsabilidade que temos em não reproduzir estereótipos.

FTC: A Cerveja Feminista combina com o que?  

Muita conversa! 

A cerveja está disponível para lançamento em pre­order no www.cervejafeminista.com.br.